Diretor Ivo Moreira  \  Periodicidade Mensal

No aquecimento para duas atuações em Portugal - em Aveiro a 25 de abril, e em Faro a 10 de maio - falámos em exclusivo com Martin Solveig numa altura em que a EDM vive dias de verdadeira procura de identidade: se por um lado toda a gente toca as mesmas coisas e produz o mesmo tipo de música, por outro os produtores buscam o som do futuro, de um futuro que é já amanhã. Como não podia deixar de ser, graças à sua experiência na cena eletrónica, Martin mostra que está atento e lança pistas para o santo graal da EDM.

 
Olá Martin! Tens duas visitas em breve a Portugal - a 25 de abril na Queima em Aveiro e a 10 de maio na Semana Académica do Algarve - estás feliz por voltar ao nosso país?
Fico sempre feliz e excitado por voltar a Portugal porque considero que os portugueses são um dos melhores públicos do mundo. Na última década construí uma relação especial com os meus fãs portugueses: eles são dos poucos que seguem a minha carreira inteira desde o "Everybody" (de 2005) passando pelo "The Night Out" e "Hey Now", e claro, pelo "Hello" que foi um enorme sucesso também em Portugal. Sempre me senti muito bem recebido pelos portugueses. 
 

Sempre me senti muito bem recebido pelos portugueses.

 
Partilhaste recentemente com o mundo que 2014 seria um ano criativo para ti, que não tocarias muito e que cada atuação seria especial. Podes dizer-nos o que tens preparado para Portugal?
Tenho estado a trabalhar em muitas versões especiais e edits das minhas músicas. Estas versões não estão disponíveis em lado nenhum, não estão na internet, são apenas para usar nos meus DJ sets, por isso têm que vir ver-me e ouvir a música exclusiva que levo comigo e, espero que isso seja o que vai fazer a diferença nas minhas atuações em Portugal.
 
Tens estado ocupado em estúdio a fazer música nova. Quando é que podemos esperar novidades?
Estou neste momento no estúdio, tenho passado muito tempo aqui. Não sei quando a música será editada porque entrei num processo profundo de tentar reinventar o meu estilo, ou pelo menos trabalhar numa evolução sónica digna desse nome. Sinto que chegou a hora de o meu som evoluir. Obviamente um processo destes demora algum tempo e eu sempre preferi esperar até ter algo de verdadeiramente relevante para oferecer aos meus fãs do que apressar e editar algo que não estou seguro a 100%. 
 
Estás a produzir para outros artistas? Vamos ter mais colaborações com a Madonna ou outros artistas pop? 
Não estou a produzir para outros artistas. É algo que farei mais tarde.
 
"Blow", a tua colaboração com o Laidback Luke, foi o teu mais recente single. A música que estás a fazer segue aquela linha?
Não, o "Blow" não é de todo a direção em que estou a trabalhar. O tema foi produzido na alegria do momento, para fundir dois estilos num único tema e pelo divertimento de trabalhar com o Laidback Luke. Mas não define uma nova direcção para mim.
 

Sinto que Miami agora é mais uma celebração do sucesso mundial e do apreço pela EDM e da música de dança em geral.  

Como é que foi a Winter Music Conference? Ouviste alguma música nova e excitante que queiras partilhar connosco?
A WMC é sempre muito caótica, muito louca mas muito boa. Não estive em Miami muito tempo por isso não tive oportunidade de ouvir muita música mas ouvi alguns sets e destaco o do Diplo e do Dillon Francis que tocaram alguns temas exclusivos que são musicalmente entusiasmantes. Comparando os dias de hoje com os dias em que a internet não era tão globalmente disponível, eu diria que os DJ sets hoje têm que chegar a uma audiência mais genérica: para ter um bom feedback do público, tens que tocar uma série de temas que já são conhecidos pelas pessoas. Sinto que Miami agora é mais uma celebração do sucesso mundial e do apreço pela EDM e da música de dança em geral.
Sinto que há grandes mudanças no horizonte para a música eletrónica. Neste momento há duas tendências muito diferentes e muito fortes nos Estados Unidos e na Europa; e ambas vão em direções diferentes. Não estou com isto a querer dizer que uma tendência é melhor que a outra ou que uma vai sobrepor-se à outra, mas as coisas estão a evoluir muito. É uma oportunidade para quem quer inovar. Pode ser um pouco confuso no início mas no fim de contas precisamos que as músicas não soem todas iguais e é isso que irá acontecer, provavelmente, nos próximos anos. E é uma coisa boa.
 
 
Publicado em Entrevistas
DJay Rich e António Mendes são os DJs oficiais da emissora portuguesa RFM e residentes do festival RFM SOMNII. Quer a nível individual ou em dupla, jápercorreram muitos dos palcos nacionais mas agora são artistas indispensáveis de se ter no line-up de um festival. Detentores de uma energia única e contagiante, unem-se, ajudam, apoiam e incentivam os jovens talentos da música eletrónica e essa atitude éde louvar. O Portal 100% DJ esteve àconversa com a dupla portuguesa nos bastidores do Music Valley, momentos antes de subirem ao palco do Rock in Rio Lisboa.
 
Estrearam-se no Rock In Rio. Qual é a sensação desta primeira vez no festival?
Mendes: A sensação é óptima. Já tínhamos noção da dimensão do festival por causa da relação que temos através da RFM com o Rock in Rio, mas ter o nome no cartaz está a ter um feedback muito espetacular. As pessoas estão a dizer que é um outro nível. E isso é muito bom. 
 
Contam um verão preenchido: Rock in Rio, RFM Somnii, Algarve... O que é que o público pode esperar de vocês?
Mendes: Além desses locais, ainda vamos estar no RFM Beach Power na Madeira, nos Açores... 
 
Rich: Podem esperar o mesmo de sempre: muita alegria nos sets. Gostamos de tocar aquilo que apreciamos mesmo. Tentamos fazer sets diferentes, principalmente no RFM Somnii onde tocámos três noites, pois somos residentes do festival. Este ano levámos dois convidados, para fazer algo diferente: o Pete Tha Zouk e o Pedro Cazanova. São pessoas com quem lidamos e trabalhamos há muitos anos, portanto fazia todo o sentido convidá-los.
 
Como está a ser a aceitação da vossa nova música com o Michael Teixeira?
Rich: A música é muito boa. Tem um hook muito forte e muito fácil e nós tocámos o remix no Rock in Rio pela primeira. Ainda está um pouco em segredo, mas já temos alguns DJs internacionais interessados em fazer remixes. Estamos muito satisfeitos com o resultado final e ter um contacto como o Michael que, para além de ser um excelente produtor, está nos Estados Unidos da América e dá-nos a vantagem de termos vozes norte-americanas. Essa é uma das nossas preocupações quando lançamos um tema cantado em inglês, porque quando temos alguém cá a cantar inglês, temos de estar sempre a mandar corrigir as letras lá fora para ver se existe alguma coisa que não faça sentido. Assim, manda-se a ideia, trabalha-se a ideia, discutimos, faz-se um rascunho e fica perfeito. 
 
Cláudio.Photos
 
No vosso radioshow dão algum destaque a novos talentos. Como é que encaram a nova geração da música eletrónica em Portugal?
Mendes: Essa tem sido sempre uma preocupação nossa: dar espaço a novos talentos. Mesmo no recente concurso que fizemos para o RFM Somnii, tivemos muitas participações e a dificuldade foi mesmo escolher e chegar ao lote de 10 finalistas. Apareceram-nos faixas muito bem produzidas nos vários sub-géneros da música eletrónica, o que é sempre bom. Diria que há muito bom talento em Portugal nesta área. 
 
Rich: Na área da produção, vemos chegar músicas brutais. As pessoas que participam pensam muita coisa. Houve DJs conhecidos a concorrerem ao concurso e não passaram. Nós não os escolhemos porque quisemos ser fiéis à nossa opinião e as pessoas têm que aceitar que nós fomos o júri. Foi a nossa opinião e foram as músicas que nós mais gostámos, independentemente de haver muito boa produção. Foram 267 participações e quando começámos a reduzir chegámos às 150 e ficámos sem saber o que fazer. Eram 150 artistas que nós gostávamos de meter numa página a votação. Tínhamos de escolher 10 e foi a nossa opinião em termos de gosto e foi isso que prevaleceu. Já fizemos algo semelhante, não tão absorvida como esta, para o disco do RFM Somnii e lançámos um desafio o mais transparente possível. Também escolhemos sete produtores, eram para ser cinco mas não conseguimos e abrimos exceção. Foram sete artistas para o disco e a votação nessa altura foi através de downloads do iTunes. A escolha foi completamente transparente como foi no site, desta última vez. Quem ganhou foi quem conseguiu mais votos, independentemente daquilo que conseguisse fazer. É sempre complicado não conseguir, mas o importante é participar e há que respeitar a decisão das pessoas. 
 
Mendes: O importante é os participantes acreditarem em si próprios, não desistir. Frustrações e coisas que correm mal, toda a gente tem. Se acreditas, continua a acreditar. 
 
Querem dar alguns exemplos de novos talentos que estejam debaixo de olho?
Mendes: Ao dizer nomes não ia ser politicamente correto. Se destacar um ou dois nomes, vamos sempre correr o risco de deixar alguém de fora. É um pouco difícil. 
 
Rich: Nessa perspetiva, nós já trabalhámos com jovens produtores. O ano passado no RFM Somnii levámos dois produtores novos para cima do palco. Acho que isso é um incentivo magnífico para eles. Foram o Batista e o Khamix. É muito importante para estes artistas tentar trabalhar com alguém que já tenha nome no mercado e que tenha ferramentas e meios para divulgar o trabalho. Não conseguimos dar a todos mas não somos aqueles produtores que dizem: “Não vamos fazer música com produtores desconhecidos”… Não, nós adoramos a nova produção, ‘fazemos bandeira’ no RFM Somnii Radioshow e queremos divulgar novos talentos e incentivá-los. As oportunidades surgem. As coisas não caem do céu. É trabalho, é sorte, são oportunidades que temos de agarrar. Temos de estar dispostos a muita coisa para que isso aconteça. Às vezes há muitos destes jovens que pensam que, por exemplo, o Martin Garrix que fez uma música e foi um sucesso, que vai ser igual. Mas, outro exemplo, o Avicii foi o produtor que durante muito tempo ninguém lhe ligava nenhuma. O próprio Bob Sinclar ou o David Guetta que em 2004 esteve no Porto e ninguém se lembra disso. Quando ele rebentou, foi a loucura. Ele não caiu do céu. Se as pessoas olharem, há, de facto, jovens talentos que começam logo e há outros que só começam a aparecer mais tarde. 
 
Que novidades podem revelar sobre o futuro da vossa carreira?
Mendes: Estamos a preparar mais umas músicas. 
 
Rich: Nós levamos isto muito na boa. Já não estamos cá há dois dias. Porque os nossos objetivos profissionais foram outros, apesar de que esta sempre foi uma carreira que ficou sempre. Nunca tivemos o objetivo de ser vedetas. Gostamos disto e levamos a nossa carreira de uma forma muito descontraída. A prova disso é que nós somos muito pouco ‘facebookianos’. 
 
Que mensagem gostariam de deixar aos leitores e seguidores do Portal 100% DJ que estão a ler esta entrevista?
Rich: Sigam os nossos conselhos.
Mendes: E, sobretudo, divirtam-se!
 
 
Publicado em Entrevistas
 
André Reis e Carlos Silva dão nome e vida à dupla 'Karetus' - um projeto surgido no ano 2010 com influências nos mais variados estilos de música eletrónica. De entre atuações em diversas festas estudantis e clubs de renome, o ano de 2012 ficou também marcado pelo lançamento do seu EP 'Entrudo' na Rottun Records, que serviu de palco para o seu reconhecimento a nível internacional. Sem hesitações, nem 'papas na língua', consideram que "o objetivo não é lançar muita música mas sim fazer música com qualidade." Nesta entrevista exclusiva, revelaram-nos que a curto prazo irá ser lançado pela editora DIM MAK, o remix da "New Ivory - Day By Day" e que o "futuro da música eletrónica passa pela criação de novas sonoridades e fusão entre as mesmas".
Na conversa que tivemos ficou também claro, que esta dupla é sinónimo de dedicação, originalidade e talento, sendo sem dúvida um nome a ter em conta nos próximos anos.
 
 
Como é que surgiu a ideia de criarem uma dupla?
Já nos conhecíamos há uns anos e apesar de termos influências musicais diferentes pensámos em unir ideias e criar algo com o qual nos identificássemos. É desta fusão e influências que partimos para o projeto 'Karetus'.

Porquê 'Karetus'?
Queríamos um nome que fosse "português" e que revelasse a nossa nacionalidade. Karetus são figuras típicas de uma tradição transmontana que aparecem para fazer diabruras em alturas como o Carnaval e na época Natalícia (dependendo da aldeia e tradição) e que transmitem alegria, tradição e animação. Foi um nome pensado e estudado para que tivesse algo relacionado connosco e com a nossa maneira de estar.

Consideram que o lançamento do EP 'Entrudo' foi imprescindível para se darem a conhecer ao grande público?
Sem dúvida. Foi editado pela 'Rottun Records' de Excision e atingiu o Top 5 mundial em inúmeras categorias - Dubstep, Electro, Glitch Hop, Drum and Bass e Electro. Foi sem dúvida o que nos projetou a nível internacional e que abriu as portas que pretendíamos.

A "Future is Now", alcançou a sétima posição da loja digital - Beatport. Como receberam essa notícia e o que sentiram?
Com enorme agrado. Foi o primeiro passo para sabermos qual o caminho que podíamos seguir.

Que 'ingredientes' consideram essenciais para uma música 'ficar no ouvido'?
O essencial é ser feita com tempo, dedicação e enorme atenção aos detalhes. Tentamos fazer tudo com tempo e sem precipitações. O objectivo não é lançar muita música mas sim fazer música com qualidade.

É para o nosso público que trabalhamos diariamente e são eles a nossa motivação para continuar a trabalhar.


Qual o tema que vos deu mais prazer a produzir e porquê?
Todos os temas têm a nossa dedicação. Damos o nosso melhor a cada música feita.

Estão nomeados nos "Cows On Patrol Awards 2012" para 4 categorias. (Melhor DJ Dubstep; DJ Revelação Dubstep; Melhor Produtor Dubstep; Melhor Tema Dubstep.) O que representa para vocês estas nomeações?
Agradecemos todos os prémios que nos são atribuídos mas não é o nosso objectivo ser "premiados". O nosso prémio é diário e é dado por quem nos manda mensagens, assiste às nossas actuações e ouve a nossa música. Recebemos prémios todos os dias e queremos continuar a receber. É para o nosso público que trabalhamos diariamente e são eles a nossa motivação para continuar a trabalhar.
[Nota de redação: Esta entrevista foi realizada antes de serem conhecidos os vencedores. 'Karetus' venceram na categoria de ‘Melhor Produtor Dubstep’.]

Recentemente Steve Aoki passou no seu Radioshow um remix vosso. É motivo de orgulho?
Sim. O Steve Aoki tem passado regularmente o nosso remix dos New Ivory nas suas atuações e nos programas de rádio. É uma faixa que vai sair muito brevemente na sua editora, a DIM MAK.

São defensores da máxima "O que é nacional, é bom"?
Sem dúvida. Portugal tem muitos e bons produtores. Felizmente temos um excelente relacionamento com a maior parte dos artistas nacionais e se fizermos o que outros artistas internacionais fazem (como os suecos ou holandeses), só temos todos a ganhar. Precisamos de dar mais valor ao que é nosso porque temos qualidade para conquistar o mercado internacional.
 
O que podemos esperar dos 'Karetus' a curto prazo?
Muito trabalho, novos lançamentos quer sejam a 'solo' ou colaborações com outros artistas. Queremos continuar a divulgar o nosso trabalho e a nossa sonoridade eclética. A prova disso são as produções com artistas tão diferentes como Nicky Romero, Nervo, Skism, Far Too Loud e tantos outros...
Julgamos que o futuro da música eletrónica passa pela criação de novas sonoridades e fusão entre as mesmas. Inovar e criar mais e melhor... É esse o nosso objectivo para podermos partilhar com todos os que nos seguem a nossa música..

Que mensagem gostariam de deixar aos leitores e ao vossos seguidores?
Muito obrigado a todos vocês por nos apoiarem na nossa carreira e no nosso sonho. Não é que os nossos fãs sejam melhores que os fãs dos outros... Mas na verdade são!
 
 
 
Publicado em Entrevistas

Com um percurso musical de 20 anos, Massivedrum é detentor de uma das mais sólidas carreiras a nível nacional no que à música de dança eletrónica diz respeito. O seu tempo divide-se entre o DJing e a produção musical, entre remixes e originais que tem a possibilidade de os lançar nas suas duas editoras. O seu mais recente tema chama-se “Hero” e conta com a colaboração com uma das maiores vozes da house music: Shawnee Taylor. Com várias presenças no estrangeiro, não só em clubs como também em grandes festivais, é um nome que figura constantemente nas playlists de rádios e DJs de todo o planeta, elevando desta feita o seu estatuto profissional.

Em entrevista exclusiva ao Portal 100% DJ, Massivedrum fala na primeira pessoa sobre a sua carreira, as faixas produzidas, opina sobre o cenário atual da música eletrónica e revela pormenores interessantes dos próximos trabalhos que tem na manga.

 

Existe algum segredo para deter uma carreira sólida com quase 20 anos?
Eu penso que existe e tem vários nomes. Trabalho árduo, sacrifícios, dedicação, mas também uma característica muito importante: amar incondicionalmente o que se faz e ser fiel à sua arte e identidade. 
 
Quais as principais mudanças que marcaram estes teus últimos anos de carreira?
Penso que os meus últimos anos de carreira foram marcados pela mudança de um Massivedrum adolescente para um mais adulto. Mudei muito musicalmente. Passei a preocupar-me muito mais com a musicalidade das minhas produções do que há uns anos atrás, em que pensava única e exclusivamente na pista. Hoje em dia penso muito mais no que a faixa pode provocar no íntimo das pessoas, na sua longevidade e acima de tudo, na sua musicalidade. Acho que é algo que acontece com o tempo, com naturalidade.  
 
Quais são as três melhores palavras que a definem?
Trabalho, sacrifício e dedicação.
 

Passei a preocupar-me muito mais com a musicalidade das minhas produções do que há uns anos atrás (…)

 
Qual foi a música que mais prazer te deu a produzir e porquê?
É uma questão um pouco ingrata. Tenho várias. Costumo destacar a “Fingerprint”, porque foi uma faixa produzida para exteriorizar alguns fantasmas e sentimentos negativos que assolaram a minha vida na altura. Foi uma época que tive bastantes problemas e dificuldades e foi naquela faixa que me refugiei. É um exato espelho do meu estado de espírito na altura. Foi um grito de revolta. Depois, existe o remix que fiz para os Kentphonik, “Hiya Kaya”, que recordo-me que 90% das pessoas a quem disse que iria fazer o remix oficial, me aconselharam a não fazê-lo. Bem, segui o meu instinto e em conjunto com o DJ Fernando fizemos o que ficou ao ouvido de todos. Deu-me bastante prazer. Este ano, a faixa em conjunto com a Shawnee Taylor passou a fazer parte deste lote. Era um sonho antigo. Encheu-me o coração!
 
O teu novo tema “Hero” tem a participação de uma das maiores vozes da house music, Shawnee Taylor. Como surgiu esta colaboração?
Bem, eu passo a semana em estúdio, ora a produzir remixes, ora a produzir originais. Esta colaboração surgiu de um instrumental que tinha, e tanto eu como o meu agente achámos que poderia agradar à Shawnee. O contato foi feito, ela pediu para ouvir e o resultado está à vista. Foi algo muito natural. Para mim não muito, pois senti-me um miúdo com cinco anos a quem dão doces! 
 
Alguns dos temas cantados por Shawnee Taylor, como “Live Your Life” ou “Devontion”, influenciaram esta tua nova produção?
Não, pois como respondi antes, o instrumental já existia. Produzi porque o senti naquela altura assim. Não tinha um propósito, poderia até ter sido aproveitado para um remix. Mas, eu e o meu agente sentimos algo nele e como a Shawnee era um desejo antigo, avançou-se dessa maneira.
 
 
Já remisturaste temas para grandes nomes como Bob Sinclar, Axwell ou Chus & Ceballos. Há algum segredo ou uma regra a ser respeitada quando se faz um remix para um artista?
Eu por norma não sigo. Há duas maneiras de editar remixes. Ou o artista te contrata para o fazeres ou fazes e envias para o artista. Existem sim, diferenças entre estes dois casos. No primeiro, o artista contrata-te porque a tua sonoridade no momento agrada-lhe e ele quer um remix teu dentro desse estilo. No segundo caso, fazes algo que sentes, mesmo sendo diferente do que te carateriza e envias para o artista. Se ele gostar, edita. Felizmente tem-me corrido bem nos dois casos.
 
Em 2013 escreveste na crónica "From a Paradise Called Portugal", para o Portal 100% DJ, que a crítica especializada dizia que era 'in' ouvir um disco de dança nacional. Achas que no futuro vamos dançar ao som de um disco de dança português com orgulho?
Quero acreditar que sim. Foram realmente tempos que deixam saudades. A união artística era fantástica e conseguiu-se mesmo isso. Quando entrava uma faixa nacional, era a loucura, um orgulho. Acredito que isso será possível de novo, mas muito terá de mudar no panorama musical nacional. Há um longo caminho ainda a percorrer.
 
Quem consideras a grande revelação da música eletrónica nacional e internacional?
Se olharmos para os nomes fortes da dance scene nacional, já nenhum é revelação. Não sei quem é ou será, a grande revelação, mas quem for, será numa altura complicada. A nível internacional, apareceram muito bons artistas neste último ano, mas por norma não gosto de destacar ninguém, pois o que para mim interessa é a música num todo. Destacar alguém num estilo pode negligenciar outro alguém num estilo diferente. Para mim, distinções nesta arte, que é tão vasta, são um pouco injustas.
 
No teu entender existe união e respeito na música eletrónica em Portugal? O que mudarias?
Tenho uma frase muito simples para esse assunto: Menos queixas, mais trabalho. Mais respeito, mais valores morais. Se tudo isto existisse, a união, o respeito e a valorização global apareceriam naturalmente. É um assunto delicado porque em Portugal, a própria indústria não é saudável, está corrompida e quando assim é, só os artistas não chegam para a mudar. 
 
Atualmente és tutor de duas editoras. O que te levou à criação das mesmas?
Foi algo que acho que é natural num DJ/Produtor. Havia muita música minha que eu não conseguia editar. Assim, criei uma label minha, a NewLight Records. Acabava por poder editar o que me apetecesse e era algo que podia servir para expandir o meu nome. Na altura não esperava que viesse a ter nomes tão sonantes como Blasterjaxx, D-Rashid, Bryan Dalton, Carlos Silva, Rancido, Praia Del Sol, Mavgoose & Quinn entre tantos outros. Cheguei a ter releases que foram número um em França, Bélgica e Holanda. O que começou com muita descontração acabou por se tornar num caso sério. Recentemente abri uma sub-label, mais virada para o Deep-House, Tech-House, Future House, etc. Recebia muitas promos boas mas que não encaixavam na linha da NewLight, por isso, decidi abrir a sub-label.
 
Em conjunto com Dan Maarten, assinas um novo radioshow da Mega Hits intitulado “The Future Is Now”. Na tua visão como vai ser o futuro da música eletrónica?
Penso que é difícil prever o futuro de algo que pode evoluir a cada hora. A música eletrónica desde o seu início estava “condenada” a andar de braço dado com a evolução. O conceito deste radioshow, tal como o nome indica “Future Is Now”, é tentar mostrar o que poderá vir a ditar o futuro, mas é sempre uma incógnita. Na minha opinião, a indústria vai dar uns passos atrás, pois perdeu-se muito o conceito musical na música de dança. É preciso recuar para moldar um futuro que possa semear nas gerações futuras a ideia de que sim, ainda vale a pena estudar e aprender a tocar instrumentos…
 

A indústria vai dar uns passos atrás, pois perdeu-se muito o conceito musical na música de dança.

 
Que novidades podes revelar sobre o futuro da tua carreira?
Em termos de djing, este ano vou voltar à Holanda e ao seu grande festival de verão, o Latin Village. Vou marcar presença também num grande festival em Toulouse, França, num cartaz que conta com nomes como The Cube Guys, Franky Ricardo, Gregor Salto, Roul & Doors, entre outros. Também já muito em breve, estarei no Sumol Summer Fest e a já obrigatória passagem pelos grandes festivais do nosso paraíso, os Açores. Em termos de produção, tenho remixes a sair em breve para as lendas do French-House, os Superfunk, que este ano vão atuar no Tomorrowland. A par do remix, temos também uma colaboração em mãos. Vou editar também o remix para o super-clássico dos Hardsoul com Ron Carroll, “Back Together”. Quanto a originais, já estou a trabalhar o “follow up” single desta minha colaboração com a Shawnee Taylor, “Hero” e tenho para breve a edição de um tema na Safe Music dos Deepshakerz. Mas acima de tudo, continuar a trabalhar, pois é isto que me faz feliz.
 
Que mensagem gostarias de deixar aos leitores do Portal 100% DJ?
Que continuem fiéis a este fantástico portal, pois está sempre em cima do acontecimento. Conteúdos muito ricos e informação séria são as principais qualidades. Queria também deixar uma mensagem de apelo para que consumam mais música electrónica nacional, pois temos muita qualidade. E um obrigado a todos que seguem o meu trabalho! 
Publicado em Entrevistas

Momentos antes de entrar em palco, falámos com Thom, membro dos Blasterjaxx que atualmente se apresenta ao público a representar a dupla. A entrevista aconteceu em Agosto passado nos bastidores da Carlsberg Where’s The Party em Portimão. Entre os temas da conversa estiveram os portugueses KEVU, os novos talentos da música eletrónica, o nosso país e a mudança de carreira, quando Idir decidiu afastar-se dos palcos.

 
Conta-nos a vossa ligação com os KEVU.
Eles enviaram-nos algumas faixas, eu ouvi e pensei: “isto é mesmo bom”. Começámos a tocá-las e o público realmente gostou. É muito parecido ao nosso estilo, mas soa de maneira diferente. Definitivamente têm um estilo único. Depois aproximámo-nos mais, e falámos com eles: “malta, nós temos aqui algumas faixas mas temos o tempo muito limitado, conseguem fazem alguns bons bootlegs? Gostávamos de os tocar nos nossos set’s. Vamos ver o que vocês nos conseguem arranjar”. Eles fizeram-no e muito bem! A partir daí, julgo que reproduzo sempre três ou quatro faixas dos KEVU nos nossos espetáculos.
 
Já pensaram em trabalhar com outros artistas portugueses?
Penso que os KEVU são o maior talento português da atualidade. Por isso, é com eles que queremos trabalhar.
 
Que outros DJs portugueses já ouviram falar?
Kura e Energy System.
 
Consideras importante promover e divulgar novos talentos?
Por vezes o cenário da música eletrónica fica estagnado no mesmo estilo de som, principalmente no big room e no eletro house. Os novos talentos têm muito tempo para produzir e encontram novas sonoridades e novos estilos, isso faz com que os DJs mais conhecidos agarrem neles e os levem para palcos maiores.
 
Que novidades podem revelar acerca do futuro da carreira dos Blasterjaxx?
Vai ser ainda melhor do que já está a ser! Temos novas faixas a sair.
 

Sinto muitas saudades de atuar juntamente com o meu parceiro.

 
E Portugal? O que significa para vocês?
Portugal... Posso descrever em três palavras? Sol, KEVU e bom party people. A última são três palavras mas podemos combiná-la como sendo apenas uma.
 
Quais são as diferenças entre atuar sozinho ou com o teu parceiro dos Blasterjaxx?
Boa pergunta. Eu acho que até agora está a ser um pouco difícil. Tenho ainda mais trabalho, literalmente. Antes era tudo muito mais fácil, por exemplo, como éramos dois, um de nós poderia ir para a frente do palco interagir com o público enquanto o outro continuava a misturar as faixas. E agora tenho de fazer as duas coisas ao mesmo tempo, sozinho, o que é difícil.
 
Tens saudades de atuar com o Idir?
Sim, realmente sinto muitas saudades de atuar juntamente com o meu parceiro, especialmente de andar em digressão com ele. Passámos muito tempo juntos na estrada e foi muito bom. Infelizmente, agora é diferente.
Publicado em Entrevistas
Dois anos depois sem música no palco, o festival Sound Waves regressa a Esmoriz para uma edição memorável com 35 artistas a compor o cartaz. Ao todo, serão 21 horas para dançar ao som de vários artistas consagrados como Ben Klock, Boston 168, Dave Clarke, Klangkuenstler, assim como os portugueses Carlos Manaça, Du/Art, Link98, Miss Sheila e Nuno Clam.
A poucos dias do arranque da 15.ª edição, tomámos o pulso a Wilson Neves e Bernardo Bernardes, responsáveis pela organização do evento, que se demonstraram entusiasmados com este novo regresso à normalidade e nos contaram algumas das novidades para este ano.
 
Dois anos depois, o Sound Waves está de volta. Como é o regressar depois de uma pandemia?
Wilson Neves: Após dois anos sem termos a oportunidade de organizar o Sound Waves, estamos bastante entusiasmados por voltar a fazer o que mais gostamos. Foram dois anos muito complicados para todos os agentes ligados ao setor dos eventos, dois anos que fizeram toda a mecânica da organização de um evento mudarem, mas estamos entusiasmados e muito positivos com o festival.
 
Nestes dois anos sem evento auscultaram os gostos/preferências do público?
Bernardo Bernardes: Dois anos de pandemia com lockdowns obrigatórios fizeram com que a indústria musical tivesse uma grande reviravolta, muitos hábitos foram mudados e sentimos que a música em geral e os gostos musicais também. Relativamente ao Sound Waves tentámos manter a nossa essência de festival underground mas fez-nos refletir e também adaptarmo-nos a toda esta mudança que sentimos nos dois anos de pandemia.

Foi fácil elaborar este cartaz de artistas?
Wilson Neves: Na elaboração do cartaz tentámos fazer uma mistura entre os artistas já reconhecidos no mundo underground e que o nosso público tem afeição, como é o caso do Ben Klock, Dave Clarke ou Planetary Assault Systems (Luke Slater), os artistas que estão em ascensão dentro do underground e da música eletrónica como é o caso da Stella Bossi, Klangkuenstler, SNTS ou Boston 168. Para finalizar, naturalmente temos também os nossos artistas nacionais que são grandes referências com é o caso do Carlos Manaça, Miss Sheila, Nuno Clam, DJ Link e Carol D'Souza, entre outros.
Nesta edição também optámos por apostar numa sonoridade diferente e pensámos que o Danni Gato seria o artista ideal para proporcionar um set único e especial de afro tech no início da tarde de sábado, 2 de julho.
 
Qual é a importância de haver uma lista de artistas portugueses?
Bernardo Bernardes: Para nós é fundamental darmos oportunidade aos artistas nacionais de demonstrarem o seu valor. No nosso país temos bastantes DJs e produtores com muito talento e o Sound Waves sendo um festival português tem como honra poder dar a oportunidade para que possam mostrar esse talento em frente a milhares de festivaleiros apaixonados pelo underground. 

O festival tem a dimensão desejada ou gostariam que fosse maior?
Wilson Neves: Atualmente o festival está pensado e organizado para a capacidade que tem. No entanto o objetivo é que haja um crescimento gradual que faça com que o Sound Waves seja reconhecido globalmente como sendo um festival de referência no género.
 

Que novidades podem os festivaleiros contar para este ano?
Bernardo Bernardes: Este ano teremos dois palcos, o Main Stage e o palco Circus. Este último terá maioritariamente artistas nacionais que estão em ascensão na cena underground nacional e que se estão a preparar para dar o outro salto. Dentro do recinto também teremos uma zona de restauração diversificada onde os nossos ravers poderão comer e descansar pois será um evento de 21 horas "non stop".

Existe alguma atuação em que as expectativas estejam muito altas? 
Wilson Neves: Nesta edição temos artistas muito interessantes e as expectativas são altas. Temos a Stella Bossi que é uma artista que está num crescimento exponencial e que acreditamos que será uma das “cerejas no topo do bolo”, temos também o misterioso SNTS com sonoridades mais hard, mas não nos podemos esquecer dos artistas que já fazem parte da história do undergorund que é o caso do Ben Klock, do Dave Clarke e do Luke Slater a apresentar-se com o seu live como Planetary Assault Systems.
 
A venda de bilhetes decorre como esperando?
Bernardo Bernardes: O festival tem tido uma afluência fantástica, não só em Portugal como além-fronteiras. Será o ano em que mais público estrangeiro se irá juntar à festa.
 
Nestes 15 anos de evento, há algum momento marcante que gostariam de destacar?
Wilson Neves: Não um apenas, mas vários... Todos os anos temos vindo a ter aquele momento que irá ficar no registo desta história, seja marcado pelos artistas convidados ou até mesmo pelo público que tem o bilhete desde a primeira edição até à de hoje. Há quem tenha tatuado no corpo “Sound Waves”, mas mesmo depois destes anos, este vai ter um gosto especial... Um gosto de liberdade e uma saudade gigantesca!
 
Para terminar, a pergunta proibida sobre o backstage: existe alguns pedidos extravagantes nos riders deste ano?
Bernardo Bernardes: Todos os anos há pedidos mais excêntricos, contudo este ano a extravagância não saltou barreiras, talvez por causa da pandemia, os artistas não pediram coisas de outros planetas, possivelmente porque estão agradecidos por voltarem a fazer aquilo que mais gostam. Isso sim é o mais desejado por eles, pelo público e por nós organização.
Publicado em Eventos
O testemunho foi-lhe dado pelo seu pai, também DJ. Atuou pela primeira vez na cidade da Guarda e foi precisamente aí que decidiu traçar o caminho concreto daquilo que pretendia fazer. O fascínio pela música eletrónica foi crescendo e hoje apresenta uma carreira sólida, fruto de grande dedicação e procura por fazer mais e melhor. A produção musical também faz parte da sua vida. Já lançou inúmeros sucessos musicais em editoras de prestígio a nível mundial e outras tantas novidades que estão a ser preparadas. Na primeira pessoa, Pedro Carrilho em entrevista ao Portal 100% DJ.
 
Como se deu a tua incursão na música eletrónica?
Na década de 80 o meu pai realizava trabalho de DJ num clube local e, graças a isso, tive contacto privilegiado com discos dos mais variados géneros musicais, funk, pop, disco, rock ou qualquer estilo que tocasse em discoteca, alguns bastante exclusivos que apenas conseguíamos adquirir no país vizinho. A experiência do vinil foi-me sendo transmitida dessa forma e é então natural que, na década de 90, eu já consumisse regularmente compilações de música eletrónica com sonoridades mais house-music. Nessas coletâneas fascinava-me o conceito de mistura do DJ... a forma como se cruzavam e conjugavam as faixas, era super interessante e uma novidade para mim, pois até então não tinha acesso a qualquer equipamento profissional. Apenas "devorava" aqueles CDs sem grande conhecimento e levado unicamente pelas sensações que a música me proporcionava.

Foi então a partir dessa altura que começaste a ganhar gosto pelo Djing...
Correto. Por altura do ano 2000 comecei a pesquisar mais sobre a arte de DJ e as suas origens, bem como a tecnologia disponível para o efeito. Logicamente o acesso à informação era limitado, comprava livros e revistas em português, inglês ou espanhol e comecei a integrar-me em "comunidades" como a Dance Club, Danceplanet, MK2 ou Bimotor, onde já era possível obter boa informação e debater ideias com pessoas mais experientes. Foi nessa altura que surgiu o interesse pela vertente da produção de música, no entanto o processo de aprendizagem era manifestamente mais lento. 

Ainda te recordas da primeira atuação?
A minha primeira atuação foi na matiné de um bar da minha cidade natal, a Guarda. O responsável deu oportunidade a mim e a outro colega, também ele um aficionado de música eletrónica. Levámos o nosso material e, logicamente, a excitação era grande por ser o primeiro local onde tínhamos um público que estava ali para nos ouvir. A partir daí tracei o caminho que vemos habitualmente no mercado do DJing: fui amealhando contactos, praticando regularmente e conseguindo atuações em festas fora da cidade.
 


Depois de toda essa curiosidade, passaste para a produção musical.
Sim, foi tudo sensivelmente no mesmo período. Pesquisava imenso sobre as matérias e softwares de estúdio, tentando conjugar tudo com a vida de estudante. Procurava toda essa informação apenas por querer perceber como trabalhavam os profissionais, ainda sem almejar uma carreira. Este processo era bastante mais lento do que é nos dias de hoje, pois não havia muitos artistas locais com quem pudesse contactar e aprender. As coisas tomaram um rumo mais frenético a partir de 2005, o ano em que surgiram as minhas primeiras edições discográficas. No início era surpreendente ver o meu nome nas lojas, revistas e variadíssimas charts de house-music. Comecei rapidamente a ser requisitado para entrevistas e remisturas de artistas estrangeiros e fui, dessa forma, criando o percurso de DJ/Produtor mais sério e profissional.
 
Das inúmeras faixas que já produziste, tens alguma mais especial? Porquê?
Confesso que é difícil escolher uma faixa em toda a discografia. Dos primeiros anos de produção, destaco talvez a primeira de todas as faixas. O tema intitulava-se "Niagara" e teve ainda edição em vinil pela Stereo Productions. No lado A figurava o meu tema original e, no lado B, a versão de DJ Chus. Para mim foi um boom, pois fui seguidor assíduo do trabalho do Chus durante uma década, foi um artista que me influenciou imenso e com quem tive o privilégio de conversar e trocar ideias algumas vezes. Na altura foi surreal perceber que ele me tinha proporcionado aquela oportunidade. O primeiro disco foi deveras especial!

É quase o sonho de qualquer produtor musical...
Sem dúvida! Tive a sorte de conseguir diversas edições em vinil. Agora é algo mais difícil mas, na altura, era a norma e havia uma filtragem melhor por parte das editoras. Hoje em dia, os artistas - e os ouvintes - queixam-se da saturação do mercado, da quantidade imensurável de música que sai diariamente... não há tanto "controlo de qualidade" e cuidado na seleção por parte de muitas labels. Na altura a editora tinha de acreditar na faixa, ela tinha de encaixar no conceito, caso contrário não apostavam porque os custos de produção e distribuição eram manifestamente maiores e perdia-se dinheiro em edições "menos boas". No entanto acredito que, presentemente, a qualidade de produção nas boas editoras está muito superior e isso é algo transversal a todos os géneros.
 
Atualmente tens algum artista com quem gostarias de fazer uma colaboração musical?
Neste momento estou a adorar todos os trabalhos de CID, Throttle, Steff da Campo, Dave Winnel, Tujamo, Jonas Blue, Plastik Funk, Ummet Ozcan, TV Noise ou Sunnery James & Ryan Marciano. Seria um prazer poder colaborar com qualquer um deles.

Já lançaste faixas em grandes editoras como a Defected ou a Spinnin Records. Queres deixar algumas dicas a novos talentos em relação ao contacto com estas labels prestigiadas?
Quando alguém que ainda está em iniciação me pergunta como pode levar a sua música a editoras de renome, aconselho sempre a não ter pressa. Mais tarde ou mais cedo a qualidade de produção vai subir de nível e a pessoa perceberá quando chega a altura de contactar uma boa label ou publisher. Grande parte dos "novos talentos" acabam por se desmotivar e sentir alguma frustração por não obterem as respostas que pretendem quando, na realidade, a qualidade ainda não é suficiente para tal. Têm de ser mais perfecionistas e tomar mais atenção aos detalhes. Nunca foi tão fácil colaborar e obter feedback de outros produtores, aproveitem isso a vosso favor.
 
A rapidez com que a informação passa também pode influenciar a que as pessoas tenham pressa...
Sem dúvida, é talvez o fator principal. O meu próprio email de promos é caótico (risos). Já tive a oportunidade de visitar conhecidas editoras holandesas (Spinnin, Armada, Mixmash, etc.) onde privei com alguns A&R e verifiquei que, apesar das ótimas equipas que estão a trabalhar, há alguma dificuldade em gerir a enorme quantidade de música que chega diariamente. Arrisco a dizer que metade do que recebem simplesmente não se enquadra na editora, não é "fresh" e é até - muitas vezes - demasiado amador. As redes sociais têm os seus lados positivos mas levam também a que estes novos talentos se sintam facilmente deslumbrados e influenciados pela vida de rockstar que os seus ídolos retratam no Instagram ou pela transmissão de eventos extraordinários como o Tomorrowland ou UMF.

Quando estás a produzir, quais são as tuas inspirações?
Depende um pouco do tipo de projeto em que estou a trabalhar, mas diria que o público e a emoção de apresentar o trabalho ao vivo são sempre a maior inspiração. Sou influenciado por outros artistas e editoras, logicamente que utilizo imenso a internet para tentar perceber o que é trendy e até, por vezes, "samplar" algo interessante. Evito entrar em estúdio se não tiver ideias, prefiro escutar alguns DJ sets e referências, numa espécie de brainstorming. O produto final resulta sempre desse turbilhão de influências misturadas com o meu estilo habitual de produção. Nos últimos anos, o suporte e feedback que vai surgindo por parte de grandes nomes internacionais também têm um papel importante no processo de produção. Nomes como Fatboy Slim, Fedde Le Grand, Ummet Ozcan, Lucas & Steve, Sunnery James & Ryan Marciano, Jonas Blue, Tujamo, Mike Williams, Gregor Salto, Dannic, Firebeatz ou Kryder (entre muitos outros) têm surgido a tocar as minhas faixas em DJ sets ou radio shows e essa componente ajuda-me também a perceber o que está a funcionar melhor para eles e quais as ideias que poderei colocar de parte.
 

 
Com que género musical te identificas mais ou te sentes mais à vontade a trabalhar?
No início, o house com influências mais tribal e groovy foi o género que produzi mais e com o qual sempre trabalhei com relativa facilidade. Atualmente, fruto das mudanças que surgiram na scene internacional nos últimos 10 anos, sinto que se quebraram imensas barreiras e que quase todos produtores estão a cruzar mais géneros e arriscar cada vez mais. Tenho feito alguns trabalhos com influências future house, future bounce e até pop. Penso que é difícil encontrar hoje um artista de eletrónica que apresente apenas um só estilo na sua discografia ou DJ sets. 
 
Lecionas também formação na área da produção musical. Consideras importante esta troca de conhecimentos e experiências?
Sem dúvida. A formação leva-me a explorar e progredir muito mais a componente de produtor, para lá do entusiasta de home-studio que era há uns anos. É uma atividade muito gratificante que proporciona um contacto constante com outros profissionais da área e com artistas dos mais variados géneros e raízes musicais. Tudo isto faz com que os meus horizontes estejam sempre abertos e consiga explorar/leccionar diferentes vertentes da produção musical. Aliado a isso tenho também trabalhos e parcerias com gente do hip hop, rock, TV, mix & mastering, etc. Estive inclusivamente em Moçambique a dar formação na área durante quase 6 meses. São experiências deveras inesquecíveis!
 
Consideras que em Portugal ainda existem muitas pessoas interessadas em aprender a fazer música eletrónica?
Existem cada vez mais pessoas interessadas em produção e tecnologias de música, de um modo geral. Há diversas escolas espalhadas pelo país mas a informação que encontramos online poderá  fazer com que alguns entusiastas apostem menos nessa formação. A web não veio, de modo nenhum, descredibilizar as escolas, no entanto, muitos dos possíveis formandos não vão investir em horas de curso uma vez que podem obter online muita informação semelhante. Mas não tenho dúvidas que toda a área do audio-visual está em crescimento no nosso país e as escolas continuam com imensa procura.
 
Achas que existe espaço para novos artistas?
Sim. Há espaço para novos artistas, novos eventos. O mercado da música eletrónica é deveras abrangente (não é só "a noite") e por isso vai sempre haver espaço para novos acts e sonoridades, até porque estamos a atravessar um período em que há uma procura muito acentuada de artistas de eletrónica em grandes festivais, eventos académicos, etc. Nos diversos países onde já atuei, praticamente todos consideram que o mercado deles está igualmente saturado. Partilho um pouco dessa opinião, mas penso também que o mercado acaba sempre por filtrar os que são bons - e ficam durante muitos anos - em detrimento dos que vieram apenas exercer a atividade sem qualquer visão e profissionalismo. Compreendo que seja arriscado para um evento apostar em nomes desconhecidos e menos "seguros", mas quero acreditar que os bons artistas vão sempre conseguir conquistar essas oportunidades.

O que é que achas que deveria mudar na cena nacional e internacional da música eletrónica? Consideras que existe algo que deva mudar?
Essa é a million-dollar-question. Gostava, honestamente, que a música fosse mais uma meritocracia e não tanto um jogo de interesses e business. No entanto, esse não é o mundo em que vivemos e diria até que essa adaptação constante às novas tendências é um desafio que serve de motor na dance scene. No DJing encontro alguns colegas desagradados pela dificuldade que há em poder tocar a música deles nas casas de Portugal, mas qualquer profissional da área sabe que as trends são algo cíclico e por isso é necessário adaptar-se ou encontrar o seu nicho. Há, atualmente, uma componente muito forte de música latina e funk a tomar conta do mundo e das charts. Contudo, vemos grandes artistas internacionais incorporarem essas sonoridades nos seus DJ sets. Fazem-no não apenas por ser trendy, mas principalmente para mostrar a versatilidade da música eletrónica. Eu gosto desse desafio e vejo isso como uma forma diferente de jogar com um DJ set. 
Em relação a eventos, gostava imenso de ver no nosso país um maior número de DJs dos estilos/editoras com as quais me identifico. Os festivais de Verão são importantíssimos para manter Portugal no mapa da electrónica e trazem-nos grandes artistas dos mais variados registos (The BPM Festival, RFM Somnii, Boom, EDP Beach Party, Rock in Rio, e outros). No entanto, são poucos os clubs que apostam em internacionais durante a "época baixa" e acredito que o público quer (e merece) um pouquinho mais.

Como foi a experiência do RFM SOMNII no ano passado?
Adorei o ambiente do festival, foi uma experiência muito gratificante. Tenho acompanhado todas as edições e, felizmente, mantenho o contacto com os DJs da RFM Rich & Mendes, a quem deixo um especial agradecimento por tanto apoiarem e tocarem a minha música. Eles consideraram que a minha sonoridade encaixava no evento e acabei então por fazer o warm-up para Blasterjaxx, Timmy Trumpet, San Holo e Laidback Luke.
 

Entraste diretamente para o 18.º lugar no TOP 30 do Portal 100% DJ do ano passado. Qual é a tua opinião sobre este tipo de distinções e que palavras de agradecimento gostarias de deixar em quem votou em ti?
Antes de mais tenho de agradecer aos colegas, leitores, fãs e amigos que votaram e que me ajudaram a chegar a este TOP 30. Fiquei muito agradado com esta distinção que foi, no fundo, o culminar de um ano muito positivo na minha carreira, a nível de gigs nacionais, internacionais e apoio de alguns dos grandes DJs do mundo. Parabéns à 100% DJ por esta iniciativa.

Que novidades sobre a tua carreira nos próximos tempos podes revelar?
A nível de colaborações com estrangeiros, tenho novos trabalhos com Nicola Fasano e Dennis Cartier (Tomorrowland). Dos nacionais há duas novas faixas com Pedro Cazanova e Club Banditz, embora ainda sem datas de lançamento definidas. Há também uma remistura oficial para o grande Shaggy e outra para um DJ internacional que não poderei ainda revelar. Tenho ainda um outro projeto muito desafiante, em que apresento um live-show junto com dois músicos em palco: violino (Mr. Vlalen) e percussão (Guitos). A forma como vamos tocar é pouco vista em Portugal, acreditamos que o conceito será bem recebido.
 
Queres enviar uma mensagem para os leitores?
Continuem a dar todo o vosso apoio às plataformas de música eletrónica, pois são projetos como este que nos ajudam a crescer e divulgar o que de melhor se vai fazendo no nosso país.  
Um grande obrigado a todos os que seguem o meu trabalho - na cabine ou nas redes sociais - e me transmitem tanta motivação. Saudações musicais.
Publicado em Entrevistas
Antes dos noventeiros se estrearem num festival, no Rock in Rio Lisboa, o Portal 100% DJ esteve à conversa com Miguel Galão, um dos responsáveis pelo projeto. Este conceito tem dado que falar e é um sucesso a nível nacional, arrastando milhares de fãs dos anos 90 de todas as idades. Nesta entrevista, Galão desvendou toda a história do projeto e ainda previsões para o futuro do conceito.
 
Como surgiu este conceito dos anos 90?
Este conceito surgiu a partir de duas empresas que estão no meio e que são parceiras jhá muito tempo, onde já eram feitas outras festas temáticas, uns têm agências de booking management, outros são DJs... E surgiu porque nós já estamos todos com mais de 30 anos e um bocadinho fartos destas modas de hip hop, reggaeton ou EDM. Quando nos divertíamos ou estávamos em casa dávamos por nós a fazer aquele revivalismo das músicas que nos lembrávamos. Então pensámos: “bora pegar nisto! Isto é o que nós fazemos”. As festas têm um pouco do que já trazíamos do Rebel Bingo, ou seja, a componente um bocado teatral e interativa e foi assim que começou.
 
O Rock in Rio Lisboa foi o primeiro festival do Revenge Of The 90’s. Existe alguma diferença mais notória entre as vossas festas em nome próprio e em festivais?
Há muitos festivais que não têm tantas pessoas como aquelas que já estiveram presentes nos nossos eventos. Quando fazemos eventos em nome próprio, somos nós que controlamos tudo desde a pré-produção, produção e pós-produção. O público é todo nosso, vai lá única e exclusivamente para nós. Somos nós que fazemos o espetáculo, a produção do recinto, a exploração dos bares e no Rock in Rio Lisboa não. É como se fossemos uma “banda convidada”.
 
As vossas festas têm sempre artistas convidados. No futuro poderemos contar com algum DJ consagrado dos anos 90?
Claro que sim! Nos anos 90 não existia tanto o que acontece nos dias de hoje, o facto de um DJ ser uma superstar. Mas existem e já estivemos em conversações com alguns. Não fazemos este evento pela música em si. Por exemplo, eu e a Constança (Coca Castelo Branco) colocamos música mas não somos sequer DJs e não é só pela música que as pessoas vão aos nossos eventos. É pela experiência em si, desde a antecipação do evento, à entrada do mesmo, a todo um espetáculo que está montado para que seja uma coisa muito sentimental, de experiências e sensações mais propriamente do que músicas. Mas sim, muito em breve isso irá acontecer.
 

 
É obrigatório usar dress code da época?
O dress code nunca foi algo existente na nossa comunicação, mas as pessoas perguntam se podem ir vestidas como nos anos 90. Festas dos anos 90 já existem há muito tempo, nós não inventámos propriamente a Coca-Cola. Nós inventámos a Coca-Cola no sentido que fizemos um upgrade e tornámos isto numa coisa muito mais profissional. Isto começou de amigos para amigos. Todos se conheciam. É um bocadinho aquele carnaval fora de época, em que se pode ir à vontade. Os anos 90 também têm a questão da moda, os gadgets e acessórios que estão a voltar também. Grandes marcas mundiais estão a apostar nesse revivalismo. As pessoas vestem literalmente a camisola e quando se olha para a moldura e se vê as fotos e os vídeos percebemos que é completamente diferente do que se formos todos ‘normais’. Mas não pedimos um dress code, é uma coisa que acontece naturalmente, fica bem e as pessoas divertem-se imenso.
 
Todos os vossos eventos têm um tema. Queres adiantar alguns dos próximos?
No Rock in Rio foi apresentada uma nova temática, que se chama “Welcome To The Jungle” e que nos vai acompanhar na próxima tour, com início a dia 13 de outubro, em Lisboa e vai até abril do próximo ano. Vamos andar pelo país inteiro. O nome vem da música dos Guns & Roses, mas não vai estar a 100% ligada à banda ou ao género musical. Agora é meter “Jungle” e “90s” no Google e no Youtube e “let the games begin”!.
 
No futuro, será que contamos com um Revenge dos anos 2000?
Mais cedo ou mais tarde vai ter que acontecer, tal como foi com os anos 70 ou 80. Quando começámos este evento, o nosso público-alvo era pessoas acima dos 30 anos, mas depois de ficar viral e tornar-se moda, ficámos com muitos millennials nos nossos eventos. Acho que ainda não é altura, basta ver por exemplo uma grande festa em Portugal que fez agora anos, a M80, continua a estar cheia pelo país inteiro. Nós achamos que o revivalismo tem de se deixar acentar. Porque senão, não vai ter o mesmo efeito surpresa e emocional que deveria ter. Obviamente que nós vamos estar numa pole position, uma vez que já fazíamos eventos, mas acredito que o Revenge Of The 90’s tenha mais 10 ou 15 anos. Depois virão os anos 2000, ou quem sabe outra vez os 80. Tudo é possível. 
 
Quais são as maiores diferenças a nível musical entre os anos 90 e a atualidade?
Há diferenças gigantes. A internet veio mudar tudo. Crescemos a ouvir os vinis em casa dos nossos pais, depois veio a cassete. Gravávamos cassetes dos amigos porque não havia dinheiro para as comprar. A seguir, vieram os CDs e podíamos fazer o mesmo. Ou então ouvíamos muitas vezes os mesmos álbuns. É muito fácil ver num disco dos anos 90 de certas bandas em que estavam presentes 5, 6 ou 7 singles e hoje em dia é tudo muito fugaz. Agora pode-se comprar uma música. Naquela altura havia o single, o LP, a cassete ou o disco. Hoje em dia há muita oferta e com a internet a música chega a toda a gente. Essa é, provavelmente, a maior diferença. As pessoas continuam a comprar música, mas às vezes faixa a faixa. 
 
E a nível de qualidade musical?
Como em tudo na vida, isso são gostos. Eu tenho amigos que produzem EDM e outros que fazem kuduro, funk e rock. Acho que há gostos para toda a gente e qualidade para todos. As pessoas têm de ouvir o que gostam e aquilo que lhes transmite a mensagem que querem. Obviamente que a nível de qualidade, edição e produção, hoje em dia é muito mais fácil fazer música. Qualquer pessoa pode fazer um álbum em casa. Por exemplo o Agir, muitos pensam que ele só faz música há dois anos, mas já faz há 15, desde o seu quarto. Hoje, com um computador, teclado e software, todos podem ser uma estrela. 
 
Que artistas gostariam de convidar no futuro para integrar o vosso cartaz?
Nós damos sempre preferência aos artistas portugueses. Os cantores de música popular portuguesa, por exemplo, apenas lhes é dada importância nos Santos Populares e as pessoas dizem que é música da “terrinha”, quando são músicos que estão cá há muitos anos. A Ana Malhoa, os Anjos ou o Toy continuam a trabalhar há 30 anos seguidos e isso não pode ser só sorte. Nós somos privilegiados. Já os conhecíamos e eles alinham connosco. A energia sente-se em palco e no público e faz-se a festa. Na verdade, estamos todos a jogar em casa. A nível internacional, há os Backstreet Boys, Mariah Carey, Spice Girls, Guns & Roses, fora aqueles que já vieram cá, esses sonhos existem. Mas temos que ver que isso está num nível de cachet e de exigência e que em termos de idade, já não são propriamente novos. Mas acredito que no futuro, nós temos condições e estrutura para isso. Começámos com 500 pessoas e agora já contamos com 12 mil. Fazer um Altice Arena ou um estádio de futebol é só uma questão de tempo. Assim haja dinheiro, apoios, vontade, a febre dos 90s e que as pessoas continuem a acreditar em nós e a seguir-nos.
 
O Altice Arena parece estar próximo...
Sim. Já vi muitos concertos no Altice Arena com muito menos pessoas do que a nossa festa na FIL que teve 12 mil pessoas. Mas o nosso espetáculo é muito específico e trabalhamos com muitos parceiros e marcas. Temos dinâmicas próprias porque gostamos de produzir tudo. Às vezes há salas em que é possível trabalhar com mais facilidade e outras não. Outras são caras e não têm disposição que nós achamos que faça sentido para o nosso tipo de público e de evento. Nós preocupamo-nos muito com o público, porque isto não é só fazer dinheiro com a bilheteira. Para nós os VIPs são quem nos compra os bilhetes, é quem nos segue e apoia. Portanto, passando de 500 para 12 mil num ano e meio, chegar aos 20 mil ou mais, não é nada por aí além. Desde que seja bem feito e não fujamos aos nossos princípios.
 
Deixa uma mensagem para quem vai ler esta entrevista.
Música é música. São emoções. A música muitas vezes ajuda-nos com os nossos problemas. Quem tem um sonho ou gostaria de fazer eventos, acreditem que tudo é possível. Nós, um era ator, o outro era fisioterapeuta e quando existe vontade, profissionalismo e princípios, o sonho é possível e acontece. Portanto, sigam os vossos sonhos, oiçam o que quiserem ouvir e apoiem quem vocês gostam, porque muitas vezes o público é o que faz o resto acontecer. São eles que pagam os bilhetes, compram merchandising e fazem as redes sociais mexer. 
 
Publicado em Entrevistas
Após pisar palcos do Tomorrowland ou o Ultra Music Festival, o DJ e produtor português acaba de lançar um novo single intitulado de “Crystalized”, em colaboração com Vince Kidd, com o selo da Sony Music.
 
A voz do tema é de Vince Kidd, um dos participantes da quarta temporada da edição inglesa do The Voice. “Os Karetus, os quais admiro muito, é que sugeriram” este cantor “porque já o conheciam e assim que ouvi a voz dele num vídeo que eles me mostraram, arrepiou-me de imediato”, afirmou Diego Miranda em entrevista ao Portal 100% DJ.
 
Vince Kidd veio diretamente de Londres para Portugal e entrou em estúdio com Diego Miranda e participou também no videoclip gravado na Serra da Estrela.
 
Questionado sobre as editoras portuguesas e a pouca aposta na música eletrónica por parte das mesmas, Diego Miranda admite que “esse é um dos grandes problemas dos produtores de electronic dance music em Portugal”, apesar de sentir que “há um enorme talento, mas depois falta o apoio por parte das editoras para que o artista possa desenvolver o seu trabalho, seja em termos financeiros como na parte de divulgação”.
 
Na opinião do DJ e produtor, “todos sabemos que atualmente também é difícil as editoras sobreviveram economicamente com a internet, onde se pode fazer download gratuito de quase tudo, mas acho que se aposta muito na música popular e esquecem-se da música eletrónica, que se calhar é muito mais ouvida, seja nas rádios ou em espaços de animação. Devia também de haver um acompanhamento ao artista. No estrangeiro as editoras funcionam praticamente como agências e que tratam de tudo do artista”.
 
Em relação à sua posição no Top 100 da DJ Mag deste ano, Diego Miranda confessa que “este foi sem dúvida um ano incrível na minha carreira. Acho que merecia subir mais ainda, mas tenho noção que a competitividade é cada vez maior e mais feroz. Já é uma grande honra representar o nosso país e estar pelo quarto ano consecutivo na tabela”.
 
Sobre o futuro da sua carreira, Diego Miranda revelou ao Portal 100% DJ que está neste momento a trabalhar com os Karetus e Mia Rosa “num tema que acho que vai dar muito que falar”, além de outros projetos e colaboração com outros artistas como o Wao e “também é possível que faça mais um tema com os Wolfpack”. Em relação às suas atuações, o artista vai estar presente na Ásia, Europa e América do Sul mas admite que “the best is yeat to come, sempre!”.
 
{youtube}GWZGDXwJatI{/youtube}
Publicado em Música
Tem 23 anos e é um promissor da música eletrónica à escala mundial. Atualmente ocupa a posição número 52 do TOP 100 da revista britânica DJ Mag e conta com inúmeras músicas no seu reportório. Depois de ter atuado em 2015 no Algarve, Danny Avila regressa desta feita a terras lusas, concretamente à Festa do Chicharro nos Açores, no primeiro sábado de julho, dia 7, para uma exibição que tem tudo para ser única. Mais uma vez o Portal 100% DJ esteve à conversa com o jovem DJ e Produtor espanhol que desvendou algumas novidades sobre a sua carreira, quais as recordações que guarda Portugal e quais as suas expectativas para a atuação nos Açores.

 Fala-nos um pouco sobre a tua recente faixa "BRAH".
"BRAH" é um retorno às minhas raízes de dancefloor depois de ter lançado "Too Good To Be True” com os The Vamps e Machine Gun Kelly. Este último lançamento foi um pouco mais pop para mim, então pensei em seguir com algo mais focado em clubs. Gosto de mudar as coisas a cada lançamento.

Recentemente começaste a filmar o teu dia-a-dia. De certa forma achas que isso é importante para os teus fãs e para a tua carreira?
Claro que sim! Chama-se "My life" e vou publicando a pouco a pouco no meu canal do YouTube. Acontece tanta coisa durante a digressão que queria compartilhar isso com os fãs e mostrar um pouco dos bastidores. A série documenta os altos e baixos e tudo o que vai acontecendo quando estou a viajar pelo mundo. Espero que vocês gostem!

Como vês o cenário do EDM espanhol neste momento com o reggaeton a regressar em força aos top charts mundiais?
Sobre a EDM espanhola uma coisa é certa: está sempre a mudar! Tendo eu crescido em Madrid, experienciei em primeira mão a grande variedade e influência na dance music espanhola e também a música internacional que faz sucesso no meu país de origem. Muita dessa variedade e mudanças na dance scene inspiraram-me a incorporar diferentes géneros na minha própria música... Quem não gosta um pouco de reggaeton?

Já passou algum tempo desde a tua última atuação em Portugal. Quais são as lembranças que guardas?
Colocando de lado a incrível paisagem (e é realmente incrível), devo dizer que recordo as pessoas de Portugal. Viajo para muitos lugares no meu trabalho e encontro muitas pessoas, mas os portugueses fazem-me sempre sentir bem-vindo. Sabem festejar! Para mim é como um lar longe de casa e lembro-me sempre disso.
 


Quais são as suas expectativas em relação à tua próxima atuação em Portugal, a 7 de julho, na Festa do Chicharro nos Açores?
Eu tenho visto vídeos das edições anteriores da Festa do Chicharro e parece altamente! Estou muito feliz por finalmente voltar a Portugal e fazer a festa com toda a gente. Como já referi, as pessoas em Portugal são sempre muito acolhedoras, por isso estou à espera de uma grande festa. Tenho alguns truques na manga para este DJ set também.

Podes revelar-nos algumas novidades da tua carreira num futuro próximo?
Ultimamente tenho tentado aperfeiçoar o equilíbrio entre a digressão e a produção musical e está a correr bem, por isso tenho conseguido criar uma boa quantidade de novas músicas - que espero poder partilhar com vocês em breve. Também assinei recentemente com a SONY Music Spain, por isso haverá mais músicas em breve sob esse acordo. Gostava de poder revelar mais, mas é tudo muito secreto e emocionante.

Que mensagem gostarias de deixar aos leitores e seguidores do Portal 100% DJ?
Vocês estão sempre em cima dos acontecimentos da dance music. Gostei desta oportunidade de conversar com vocês novamente e espero continuar a agradar-vos com o meu trabalho. Com a visão atual da dance music tão movimentada neste momento, agradeço o vosso apoio e verei todos vocês em breve.
 
Publicado em Entrevistas
Pág. 6 de 7