Diretor Ivo Moreira  \  Periodicidade Mensal
segunda, 20 outubro 2014 19:50

Top 100 DJ Mag: a análise dos resultados

A plataforma 100% DJ foi a primeira a anunciar (antevisão) a presença de dois portugueses no TOP 100 da DJ MAG. 
Nessa mesma antevisão, foram lançados resultados que poucos estariam à espera mas que vieram a confirmar-se (na sua maioria).  Não foi de estranhar ver nomes a desaparecer desta tabela e os resultados cimeiros eram mais ou menos previsíveis. 
 
As principais surpresas foram os resultados de Nicky Romero e Skrillex, onde se esperava uma queda acentuada no seu posicionamento (situação que não se verificou, tendo Skrillex melhorado a sua classificação em 2 posições). 
 
No meio destes resultados, todos esperavam uma entrada e boa classificação para os DVBBS (entraram directamente para a 20ª posição) mas a "estrela" nas entradas directas (e algo que ainda não consegui perceber) foi o posicionamento do Deorro para o TOP 20 (19ª posição) o que levanta (novamente) algumas duvidas na forma como as votações são feitas (não colocando em causa o seu valor). 
 
Outras subidas que tenho de destacar são nomes como o dos Blasterjaxx, Showtek, R3hab, Steve Angello (a meu ver merecia um posicionamento ainda melhor), Dannic, Diplo, Ummet Ozcan, Vicetone e Umek (este ultimo prova que os fãs de musica electrónica estão cada vez mais eclécticos).  
 
Como tinha sido "anunciado" previamente os Swedish House Mafia não constam neste TOP 100 e estranhamente o DJ/Produtor Brasileiro Ftampa fica também fora desta tabela, deixando os seus compatriotas Felguk no "último lugar" (100ª posição). 
 
Para terminar a análise geral, realço ainda a reentrada de um "dinossauro" chamado Boy George, as entradas mais do que merecidas do Quintino, Vinai, Borgore e Makj e é sempre um prazer ver o "Rei" Carl Cox e o "Plastikman" Richie Hawtin numa tabela que para mim não passa disso mesmo e que suscita sempre imensas duvidas na forma como são feitas as votações e a sua veracidade. 
 
Relativamente aos portugueses, se é com imenso agrado que vejo dois portugueses neste TOP e com uma entrada histórica do Kura e uma excelente classificação do Diego Miranda (está pelo segundo ano consecutivo nesta tabela e melhorou a sua classificação), também fico revoltado com muitos comentários que tenho lido nas redes sociais por parte de alguns "colegas de profissão". 

(...) fico revoltado com muitos comentários que tenho lido nas redes sociais por parte de alguns "colegas de profissão (...)

 
Fico com a clara impressão que os "aziados" não conseguem compreender que é o nome de Portugal e dos DJs Portugueses que é promovido mundialmente e que coloca mais "olhares" no nosso mercado, abrindo portas para outros. Acho inacreditável que a mentalidade seja "rebaixar" o trabalho de outros para tentarem sentir-se melhores. Critiquem o jogo, nunca critiquem os jogadores. 
 
Pela primeira vez na sua carreira o DJ e Produtor português, KURA, alcançou um lugar entre os 100 mais importantes DJ’s mundiais com entrada directa para os "50 Mais" com a classificação no lugar 42º. Com este resultado o português fez história ao conseguir a mais alta entrada directa de sempre não só de um Português mas de toda a comunidade lusófona mundial.
 
Para terminar deixo os parabéns ao Ruben (Kura) e ao Diogo (Diego Miranda) e aos meus colegas da WDB e ao Barreto pelo trabalho que fizeram com os artistas que representam. 
 
Obrigado à 100% DJ pelo convite realizado pelo segundo ano consecutivo para elaborar a antevisão e o "pós resultados" desta tabela que todos os anos levanta imensa polémica com os seus resultados mas continua a servir de "bitola" para definir e destacar os melhores DJ’s do mundo. 
 
Ricardo Silva
Publicado em Nightlife
quinta, 07 abril 2016 14:37

Trabalhar com a música electrónica

Neste primeiro artigo de opinião de 2016, resolvi escrever sobre a "Pedra Filosofal" do novo Milénio - A Musica Electrónica. 
 
Tudo começou com o aparecimento dos DJs aos grandes palcos mundiais, com a especulação criada pelos Países Nórdicos da Europa e com o Marketing agressivo da indústria musical virada para o mercado electrónico. 
De um momento para o outro, os DJs eram as novas estrelas mundiais e tudo o que era "miúdo" quis ser DJ. Todos aqueles que não sabiam fazer mais nada, viram na profissão de DJ uma alternativa para fazerem alguma coisa, encher os bolsos e ter notoriedade e reconhecimento (pelo menos nas suas cabeças). 
O facilitismo em ser DJ era (é) tanto, que tudo o que era gente neste País foi DJ. Ias a um reality show e no dia a seguir eras DJ. Aparecias na TV, viravas DJ. Eras RP? Porque não ser DJ? Etc, etc. 
 
Rapidamente apareceram em Portugal a partir de 2009/2010 uns largos MILHARES de DJs mas tal como apareceram, também desapareceram e perceberam que afinal a "galinha dos ovos de ouro" não era o que parecia. 
Pelo caminho, muitos deles sonharam que, devido ao facilitismo, havia outros negócios que os fariam enriquecer com a música electrónica. Foram os anos em que toda a gente era produtor musical e abriram centenas de editoras discográficas. Ia tudo enriquecer com a venda da música mas, mais uma vez, não resultou...
 
Os Portugueses sempre foram "casmurros" e não desistem facilmente. Toda a gente tinha de conseguir enriquecer com a música electrónica. Mas como? 
Foi a altura dos agentes/agências de artistas. Tudo era agente artístico neste país. Ganhavam-se comissões de cachets de 40 euros só para poderem dizer que eram agentes ou que estavam no meio... Rapidamente viram que também não era este o caminho e chegámos aos últimos anos e à nova "descoberta" de como enriquecer com esta indústria - PRODUTOR DE EVENTOS. 
Hoje em dia está na moda ser Produtor de Eventos. Se é verdade que há muitos que se dão bem, a ganância deixa de lado a larga maioria de quem quer entrar neste meio. Se um evento corre bem, querem logo fazer outro no dia a seguir (dá sempre mau resultado). Se correu bem a primeira vez e as escolhas artísticas, dia, local, equipa de trabalho, etc. foi bem escolhida, no evento a seguir já dão tudo como garantido e o prejuízo é a única garantia que conseguem ter. 
 
Tudo isto é "Ser Português". Somos (ou tentamos) ser sempre mais espertos que os outros num país com 10 milhões de habitantes, uma mentalidade retrógrada quando comparada com países como a Holanda ou Alemanha, onde temos um mercado interno muito curto, com pouca expressão mundial na música electrónica mas onde tentamos furar como podemos. 
 
Os primeiros parágrafos deste texto deram-te a impressão de uma crítica rude da minha parte. 
A ideia foi essa mas o objectivo era outro. 
 
AINDA BEM que somos assim. Que apareçam DJs, RPs, Produtores de música, Produtores de eventos, Discográficas e tudo o que esteja ligado a esta indústria da musica electrónica. É o próprio mercado que irá encarregar-se de fazer uma triagem entre o "bom e o mau", quem fica e quem sai, quem vence e quem sai derrotado.    
O que realmente é mau é não haver "sangue novo", ideias novas, investimentos diversificados e que haja pessoas a errar. Os erros são sempre aprendizagem e em Portugal temos aprendido muito. 
 

Quem trabalha ou quer trabalhar neste meio, tem de perceber que a própria música electrónica está em constante mudança (…)

 
Um novo ciclo da música electrónica está a entrar. Os "nichos" estão a voltar a ser mainstream e os gostos do público já não são o que alguns diziam que era impingido pelas rádios e TV. O público escolhe o que quer e ninguém impinge nada nos dias que correm. A diversidade de comunicação e o fácil acesso à informação, não permite condicionalismos extremos seja a quem for. 
 
Agarrem no Ipod ou na "cloud" de um miúdo da Preparatória ou do Secundário e vejam o que ele lá tem para ouvir... Tem música que "Parte-me o pescoço" e a seguir um "hardcore" que me parte a cabeça, seguido do Justin Bieber, alternando com Hip Hop do Sam The Kid, Xeg e Dillaz e a seguir remata com Trap e acaba com Hardwell ou uma faixa do Anselmo Ralph, enquanto tem um set de Carl Cox que ouve todos os dias a caminho da escola. 
 
Quem trabalha ou quer trabalhar neste meio, tem de perceber que a própria música electrónica está em constante mudança e que já não é apenas aquela sonoridade a 4 tempos, compassada e com uns Kicks, Drops e uns Claps. É necessária uma adaptação aos novos tempos e por isso é que entrar gente nova no mercado é sempre essencial para esta indústria sobreviver. 
 
Que venha mais gente para este mercado e quem olhar para ti como concorrência ou falar mal de ti, é sinal que estás a fazer as coisas bem feitas. Precisamos de mais gente com ideias novas e vontade de trabalhar para elevar a fasquia da indústria musical portuguesa e é o próprio mercado que irá definir se és válido ou não para permanecer no meio.   
 
Ricardo Silva
Publicado em Ricardo Silva
sexta, 02 maio 2014 00:05

A lei do mercado dos DJs

Mas afinal, existe alguma "lei do mercado" que influencie a carreira dos DJ's? Claro que sim. 
No meu último artigo de opinião, escrevi um pouco sobre isso mas não aprofundei este assunto que muitos dos novos DJ's ainda não compreenderam. 
Muitos reclamam por "falta de oportunidades". Oportunidades? Será que colocando um DJ num determinado evento/actuação irá alterar em definitivo a sua carreira? A resposta é NÃO. 
 
A "lei do mercado" que eu falo, não é mais do que a aplicação do termo "Oferta VS Procura" num serviço que é fornecido (serviço de entretenimento). 
Quando existem mais DJ's do que locais ou eventos que necessitam desse serviço, quando a concorrência é mais que muita e numa altura em que a profissão foi "banalizada" devido às facilidades em ser DJ que foram trazidas pela tecnologia, ninguém pode dizer que uma actuação (leia-se oportunidades) vai fazer a diferença e colocar alguém num patamar de relevo. 
Hoje foste tu contratado mas amanhã já há outro para ser contratado. 
 
Um factor que influencia as actuações e onde existem críticas por parte dos DJ's da "velha guarda" ou daqueles mais ligados ao "House" é o tradicional termo "mãos no ar". 
Sinceramente, alguém ainda quer ir assistir à actuação de um DJ que não levanta a cabeça, não olha para ninguém e onde ninguém vê o que ele está a fazer? 
Poderão dizer que a música fala por si... ok. Posso concordar, mas então tirem o "homem" dali e metam um set gravado porque estar a olhar para uma cabine onde estar lá alguém ou não estar, é igual, mais vale meter uma jukebox (isto se o importante for a música). 
 
Não quero dizer com isto que os DJ's terão de fazer "palhaçadas" ou estar sempre aos saltos, mas temos que "exigir" que demonstrem que estão a sentir a música e que transmitam (corporalmente) esse sentimento para o público que pagou para os ver (porque se for só para ouvir, ouvem em casa no Soundcloud). 
 

Infelizmente, assim que um "artista" começa a ter alguma projecção e um elevado número de actuações, pensa logo que o motivo é unicamente ele ser melhor que os outros (...)

Uma outra situação que influencia o mercado é o número de actuações dos DJ's - é sem dúvida alguma, se são representados por alguém ou se têm agente de marcações. 
 
Infelizmente, assim que um "artista" começa a ter alguma projecção e um elevado número de actuações, pensa logo que o motivo é unicamente ele ser melhor que os outros ou que a "sua música ou técnica" é superior aos demais "colegas de trabalho". 
 
Regra geral, esquecem-se que só têm esse elevado número de actuações ou são reconhecidos no mercado porque houve alguém que marcou as referidas actuações ou os promoveu convenientemente para que as possam realizar (solicitações/pedidos de actuação).
Como manager e booker que sou, não faço milagres (tal como qualquer outro colega meu). O que "nós" fazemos, não é mais do que fazer aquilo que um DJ não faz e devido a estarmos inseridos no mercado, é normal que o conhecimento que temos dele seja superior ao de alguém que a sua função não é a mesma que a nossa. O acordo principal que se deve obter é o de que um manager/booker não "mete", nem produz música e um DJ/artista não faz management, nem marca datas. 
 
Quanto à questão monetária entre agentes/agências e artistas, tenho uma opinião muito própria (apesar de também eu não a fazer na maioria dos casos): Se um DJ/Produtor fica com os dividendos da sua produção musical (regra geral) então porque é que quando faz uma actuação, tem de ficar com 70% ou 80% do cachet por 1h00/2h00 de trabalho?
 
Será que sabem quantas horas é que o seu representante teve de trabalhar para ele ter essa actuação ou quanto é que investiu (tempo e dinheiro) para que a actuação fosse solicitada/agendada? Será justo?
É verdade que o agente/agência precisa do produto (leia-se artista) para poder "vender", mas também é verdade que o artista sem ser representado, terá de fazer ele o trabalho do agente e certamente ficará muito mais tempo na "prateleira" (como produto que é). 

Raros são os casos em que a mudança de representante deu bom resultado e, tal como tu, ninguém trabalha de borla ou faz investimentos para perder (...)

 
Como referi anteriormente, nenhum agente/agência faz milagres e se não tiver bons artistas, também não conseguirá fazer alguma coisa. Devido a essa situação é que as tais "oportunidades" não são dadas a quem ainda não tem "valor de mercado" porque não existe o retorno devido, relativamente ao trabalho que um agente ou booker tem. 
 
Nos dias que correm, existem poucas soluções para os artistas. Ou assumem um "casamento" com um agente/agência que irá investir em vocês e no caso de quererem mais tarde o "divórcio", vão ter de pagar pelo trabalho e investimento que foi feito, ou então não são agenciados e trabalham nas duas vertentes e assumem o investimento de tempo e dinheiro (não será certamente a mesma coisa nem obter os mesmos resultados). 
 
Se fores artista (DJ, produtor, Mc, musico, etc.) e estiveres ligado a algum agente ou agência (ou se fores convidado para ser agenciado), nunca te esqueças que a opção foi feita entre duas partes. Caso queiras quebrar essa ligação tenta sempre que seja de uma forma amigável e com os motivos bem claros para que possam chegar a um entendimento, nunca esquecendo que "não se deve cuspir no prato onde comeu". Raros são os casos em que a mudança de representante deu bom resultado e, tal como tu, ninguém trabalha de borla ou faz investimentos para perder onde não tenha de ser devidamente compensado. 
 
A decisão de ser agenciado tem de partir de duas partes (tal como num casamento) mas ninguém obriga ninguém a estar "casado" se não estiver contente com a decisão. No entanto, quando alguém quebra um compromisso, não pode ficar com tudo o que foi construído a dois. "Artistas" há muitos e nunca te julgues melhor que os teus colegas, em especial se o trabalho não foi "só teu". 
 
Nenhum agente ou agência consegue nada "sem ti" mas tu podes ser substituível. Quem não pode ser substituído é quem paga (clientes), quem te promove e apoia (parceiros) e quem te dá visibilidade. Ninguém (como eu) faz milagres e qualquer agente/agência sabe que sozinho nada consegue e muito menos faz com que "tu" (DJ) consigas entrar nesta "lei do mercado". 
 
Afinal existe ou não uma "lei do mercado para os DJ's"?
Sim... existe. E acredites ou não, é exactamente a mesma que para outro produto qualquer. 
Existem "Lobys"? Claro que sim. 
Basta ter qualidade? Claro que não. 
Vais lá chegar sozinho e com o teu trabalho? Nem em sonhos. 
 
Ninguém consegue nada sozinho e enquanto não perceberem que ser DJ ou artista é algo que nada mais é do que um serviço/produto e é regido pelas leis de mercado normais, dificilmente conseguirão que alguém "compre" o que querem "vender".

 

Ricardo Silva
DWM Management
Publicado em Ricardo Silva
domingo, 02 novembro 2014 22:26

O fim do EDM

Um novo ciclo da música electrónica está a terminar. Nunca consegui perceber esta "história" do EDM e a confusão sobre o que é realmente. As letras EDM significam Electronic Dance Music mas ficou claramente conotado com o Progressive e Big Room. 
 
Este título que dei ao artigo de opinião (fim do EDM) não é algo que possa ser levado à letra. É óbvio que não vai acabar mas nota-se claramente que deixará de ter o impacto que tem tido nos últimos anos. O EDM passará a ser um estilo musical que muito poucos DJ’s e Produtores terão sucesso ao estar conotados com o mesmo. Os clubes e discotecas já deixaram de contratar como contratavam os DJ’s que tocam este estilo porque perceberam que o EDM é algo que "exige" uma produção, é necessário um "espírito de festival", não é dançável (que é o que se pretende num clube ou discoteca) e que, apesar de movimentar milhares de fãs, foi (está) a ser explorado até à exaustão. 

Os clubes e discotecas já deixaram de contratar como contratavam os DJ’s que tocam este estilo porque perceberam que o EDM é algo que "exige" uma produção (...)

 
Vou fundamentar as minhas palavras. Um clube/discoteca retira os seus dividendos da venda de bebidas (percentagem mais elevada) e um percentual mais baixo do valor das entradas. O público (leia-se clientes) está mal acostumado e já não aceitam o que era normal, até há meia dúzia de anos, onde eram feitas "triagens" na porta dos clubes e onde passámos a ter dezenas de promotores a vender pulseiras ou ingressos e a haver "guest lists". Grande parte dessas verbas que são pedidas "para entrar" já não são para o estabelecimento mas sim para as equipas de promotores e RP's, deixando apenas a venda de bebidas como retorno para a casa. Se o retorno vem da venda de bebidas, volta a ser necessário que o estilo de música permita que os clientes estejam o maior tempo possível dentro dos estabelecimentos, os DJ’s consigam "ler uma pista" e ter "altos e baixos" na sua actuação para enviar as pessoas ao bar, tenham um determinado tipo de cliente que queira dançar, ouvir música, tenha qualidade no atendimento e que não esteja "aos saltos", a levar com confetis no seu copo, levar encontrões ou com uns miúdos aos saltos e a pisarem tudo o que esteja em meio metro quadrado e onde vá realmente para um clube/discoteca e não para um festival ou casa de espectáculos. 
 
É justamente nos festivais onde o EDM não vai "morrer" e onde continuará a arrastar os fãs. No entanto, acho que consegui passar a mensagem do porquê do EDM e em especial os DJ’s que o tocam terem uma tendência para desaparecer. A quantidade de DJ’s que seguiu a tendência do EDM tornou a oferta bem maior que a procura e com esta mudança (óbvia e objectiva), - bem como a saturação e exploração excessiva deste estilo - vai trazer dissabores a muita desta nova escola de DJ’s que surgiu nos últimos anos. 
 
Outros sinais claros que vão sendo transmitidos pelo mercado são os que vêm da indústria discográfica e das rádios. Ainda há dias terminou o ADE e essa mensagem clara (que define a nível mundial) veio também da Holanda. As discográficas não querem continuar a apostar num estilo musical esgotado e as que apostam são as que não estão acessíveis ao comum dos DJ’s e onde os seus interesses são com os artistas que elas próprias agenciam ou adquiriram exclusivos. Casos como o Nicky Romero e até o próprio Hardwell são um exemplo e vamos ouvir produções sem aquela "agressividade" do EDM puro.
 
Temos em Portugal o único DJ/Produtor que vingou (e continuará a vingar) com este estilo musical - o Kura - porque foi quem se destacou da concorrência e conseguiu moldar a sua imagem e sonoridade, deixando claro que o seu objectivo era para o mercado Internacional. Editar pela Revealed, Protocol, Armada ou Ultra é mais do que suficiente para fundamentar as minhas palavras e para que se perceba que a única maneira de seres reconhecido num estilo musical destinado a massas e a festivais é se tiveres uma projeção internacional (o que traz reflexos no seu país, como é óbvio).
 
Deixo aqui uns parêntesis em relação ao Kura para que esta malta nova perceba uma coisa. O Kura não está aqui à meia dúzia de anos. Começou como todos os grandes DJ’s, a trabalhar à noite (ainda sem ser DJ), "engoliu muitos sapos", tocou por trocos, foi criticado, trabalhou anos a fio a acreditar e a fazer aquilo que pretendia e só ao fim de uma década é que atingiu o patamar em que está. Quem pensa que faz uma faixa e que vai ter alguém a trabalhar por ele ou que vai ter um "hit" e tornar-se uma estrela, lamento desiludir mas isso nunca vai acontecer. 
 
"Os sonhos não têm pernas mas tu tens, por isso corre atrás deles" mas não julgues que isso aparece de um ano para o outro. Num próximo artigo de opinião irei escrever sobre o trajecto e as dificuldades que os TOP DJ’s portugueses tiveram para chegar ao patamar onde estão. 
 

Sim... o EDM está a "morrer" (para alguns) mas a musica electrónica nunca esteve tão bem como está actualmente.

 
Não querendo fugir ao tema deste artigo e porque há muito para escrever sobre ele e estas linhas são poucas para isso, vou deixar a minha recomendação a todos os que entraram nesta industria à pouco tempo. 
 
Pesquisem o que está a ser vendido actualmente na indústria discográfica, oiçam o que as rádios estão a difundir e a apostar, pesquisem o que está a surgir lá fora e antecipem a vossa produção e os vossos registos o mais rápido possível. A Portugal chega tudo com algum "delay" e se conseguirem começar já a ser identificados com o "futuro", as vossas hipóteses de chegarem mais longe na vossa carreira aumenta. Caso o vosso objectivo seja seguir o estilo de música que gostam ou trabalhar para um "nicho" de mercado e esperar que o mesmo seja apetecível ao mercado, preparem-se para ter imenso trabalho e esperar vários anos e mesmo assim nada garante que venham a ser um DJ com sucesso. 
 
Vou terminar com um pensamento muito próprio. Ser DJ é uma arte, ser produtor é algo que até podes saber como fazer, mas podes não ter o "dom" para isso. Eu também sei jogar futebol mas quando cheguei à idade dos séniores, não consegui jogar profissionalmente e receber por isso (no entanto sabia jogar futebol). Ser DJ ou Produtor não é para todos. É uma profissão como outra qualquer com o acréscimo que tens de ter talento e tens de trabalhar imenso. Só o trabalho não chega, teres talento e não trabalhares também não te faz chegar a lado nenhum e na larga maioria das vezes, o trabalho árduo até vale mais que o talento natural que possas ter. 
 
Sim... o EDM está a "morrer" (para alguns) mas a musica electrónica nunca esteve tão bem como está actualmente. Resta saber qual é o novo caminho que esta indústria vai seguir e se vamos voltar a ter um novo ciclo com estilos já existentes.

 

Ricardo Silva
DWM Management
Publicado em Ricardo Silva
terça, 16 março 2021 22:12

Oportunidade perdida?

O mundo parou e Portugal não foi excepção, levando a uma paragem forçada da Cultura, da indústria da música electrónica e aos DJs em particular que ficaram privados das suas actuações junto do público, trazendo novamente a debate a ausência total de reconhecimento profissional e regulamentação para o exercício da profissão. 

Se é verdade que estamos a falar de uma arte, também é verdade que a arte tem de ser remunerada e quem a faz precisa de viver como qualquer outro profissional de outra área qualquer, no entanto há imensos DJs a "teimar" em como está tudo bem e com opiniões diferentes quando há quem realmente queira alterar esta situação e que tenha "sentido na pele" a ausência do reconhecimento profissional numa altura em poderiam ter chegado apoios culturais se houvesse fundamentação para essa reivindicação legítima de quem contribui para a economia do País e para a Cultura. 

É verdade que a comunidade DJ Portuguesa está "escaldada" com o aparecimento de associações que não os representa mas não podemos continuar a assistir a que "nomes maiores ou menores" deste sector sejam reconhecidos pelo seu trabalho e pelo que deram ou dão em prol desta indústria e que estejam literalmente a passar fome porque há uma "carolice" e falta de união entre os profissionais portugueses. 

Não há necessidade de "obrigar" ninguém a tirar cursos, pagar licenças (como já tentaram fazer) ou fazer testes como se isso validasse o que é um DJ. 
Falo de haver um reconhecimento profissional, uma categoria profissional específica onde possamos ter dados de quantos somos, quem somos, quanto representamos no PIB Português e onde haja alguém que possa apoiar toda uma classe e elucidar dos Milhões de euros que estão a ser perdidos em direitos de autor (para os produtores), direitos conexos (que desconfio que nenhum DJ esteja a receber) e que haja apoios sociais em alturas que eles são necessários como a altura em que estamos a viver à mais de 1 ano. 

Não há culpados desta situação mas há responsáveis e essa responsabilidade recai em todos os que vivem e trabalham nesta indústria (onde assumo a minha quota parte da responsabilidade) mas espero que esta não seja uma "oportunidade perdida" e que de uma vez por todas possamos juntar todos aqueles que queiram debater e encontrar soluções na procura do bem comum desta área artística que é menosprezada e até discriminada pela própria Cultura. 

Não podemos deixar fugir esta oportunidade porque quando tudo voltar ao normal, todos iremos esquecer o que estamos a passar e só quando houver algo similar iremos lembrar-nos do que poderíamos ter feito e será tarde demais. 

Não faças deste mau momento mais uma oportunidade perdida.
 
Ricardo Silva
Agente Artístico, Empresário e Presidente APENT
Publicado em Ricardo Silva
quarta, 19 abril 2017 19:19

Portugal, país de oportunidades

Numa altura em que o "mercado dos DJs" atravessa uma nova fase, as oportunidades para os novos artistas são mais que muitas. Acabo de chegar das viagens de finalistas e do Festival do Secundário onde dezenas de DJs tiveram a sua oportunidade de mostrar o seu trabalho. 
 
Muito se fala da falta de apostas em novos talentos mas a realidade é que existe uma crescente oferta no mercado que, a meu ver, é tudo menos benéfica para quem está a dar os primeiros passos. São criadas falsas ilusões que inflamam o ego e criam expectativas erradas nos novos DJs. Actuar para centenas ou milhares de pessoas em início de carreira é o maior erro que alguém pode cometer se não tiver "cabeça" para perceber que ninguém estava presente nesses eventos para os ver/ouvir e onde já existe um público com disposição para ouvir uma determinada sonoridade.
 
A desilusão e a revolta é o que se segue. Muitos destes DJs ficaram a pensar que tudo é fácil, tudo vai acontecer sem esforço e que o telefone ou o mail vão receber contactos. Não podiam estar mais errados. 
 
Em todos os anos que trabalhei com DJs, já tive oportunidade de efectuar marcações para praticamente todos os grandes palcos Nacionais e com artistas diferentes. Todos eles (DJs) tiveram de perceber que não é uma actuação que os vai catapultar e manter no mercado. Assim que uma actuação termina, todos têm de ter a noção que estão "desempregados" até à próxima actuação e que há trabalho para ser feito. Não é por terem actuado no Rock In Rio, Sudoeste, Expofacic, Queima das fitas ou numa viagem de finalistas que a sua carreira está lançada e consolidada. 
 
Quantos DJs e Produtores tiveram "hits" ou tocaram nos melhores palcos e clubes nacionais e de um momento para o outro desapareceram? Basta pensarmos um pouco e encontramos uma "mão cheia" de grandes nomes que "desapareceram" do mercado. 
 
Todas as semanas recebo pedidos de novos DJs a "reclamar" por oportunidades. Todos eles esquecem-se que as oportunidades não surgem com a marcação de uma actuação e que o que estão a pedir só pode partir deles próprios. Cada novo DJ/artista tem de criar e procurar a sua "oportunidade" e ela não está numa actuação num palco ou cabine. 
 
A oportunidade que procuram está na sua capacidade de trabalho, empenho, investimento e perseverança. É o próprio DJ/artista que tem de criar à sua volta um grupo de pessoas que o sigam, que o queiram ouvir e que apreciem o seu trabalho. Quando tiver alguém que pague para o ver/ouvir, garanto que haverá quem o contacte para actuar porque isto é um negócio. 
 
Esqueçam aquelas palavras do "amo o que faço", "ser DJ é uma arte", "a minha musica é boa mas ninguém a houve porque não toca na radio", etc. 
As produtoras, editoras, rádios, TVs, etc. vivem e conseguem manter as portas abertas com dinheiro e não com "amor, arte e boas intenções". 
 
Sim... Portugal é um País de oportunidades mas não há quem trabalhe de borla. A indústria musical e do entretenimento precisa de novos talentos e "sangue novo". Ninguém está disposto a investir tempo e dinheiro em alguém que ainda não provou que esse investimento vai dar retorno. 
 
A "oportunidade" tem de ser criada. Não é com uma agência/agente ou investidor que essa oportunidade vai surgir. Tem de partir do DJ/artista e não basta ter qualidade (ou achar que tem). É preciso investimento de tempo, dinheiro, trabalho e perseverança para se conseguir atingir os objectivos.

Ricardo Silva
DWM Management
Publicado em Ricardo Silva
terça, 07 outubro 2014 22:56

Top 100 DJ Mag: a antevisão dos resultados

É com enorme agrado que pelo segundo ano consecutivo, aceito o desafio do portal 100% DJ para fazer a antevisão dos resultados para o TOP 100 da DJ MAG. 
 
Este ano continuou a ser marcado por "Animals" e "Tsunamis" onde o Progressive continuou em destaque, apesar de termos presenciado uma mudança nos hits de Verão para temas mais "Deep". No entanto, o "miúdo" que surpreendeu tudo e todos ao entrar na tabela de 2013 directamente para a 40ª posição (Martin Garrix) é falado como o próximo numero 1 do mundo (ainda à dias, o Laidback Luke afirmou que assim seria). 
 
Nesta previsão de resultados que venho apresentar, posso garantir que "Garrix" estará seguramente no TOP 5 mundial mas não acredito que este fenómeno consiga destronar nomes como o de Hardwell ou Armin Van Buuren.
 
Vou fazer algo que não fiz o ano passado e vou "arriscar" na ordem do TOP 5 deste ano, colocando como numero 1 o Hardwell, seguido por Armin Van Buuren, com o fenómeno Martin Garrix a ocupar o ultimo lugar do pódio. Na 4ª posição estarão os "afilhados" do organizador do Tomorrowland - Dimitri Vegas e Like Mike e apesar de ter anunciado o cancelamento dos Tours Mundiais, o Avicii ficará na 5ª posição. Poderei estar enganado na classificação mas acho muito difícil que não seja este o TOP 5 em 2014. 
 

Estou plenamente convencido da 'queda' do Nicky Romero e das 'manas' NERVO (...)

 
No que diz respeito aos lugares cimeiros, estou plenamente convencido da "queda" do Nicky Romero e das "manas" NERVO, numa subida do Steve Angello e tenho algumas dúvidas sobre o posicionamento de David Guetta. Os W&W irão cair certamente, Calvin Harris e Alesso deverão subir e não se consegue prever se Skrillex continuará a ter uma grande votação com a queda do Dubstep e se a sua ligação ao Diplo com o projecto JackU terá sido suficiente para recolher os votos necessários dos fãs.
 
Tiesto, Steve Aoki e Deadmau5 continuam com uma base de fãs sólida e entrarão sem grandes dúvidas nos lugares de destaque tal como o Afrojack. 
 
Algo que ninguém consegue prever, é se nomes como Swedish House Mafia vão continuar na tabela (por razões óbvias e visto os seus elementos "competirem" a solo) e o que será que vai acontecer com os Daft Punk. 
 
Obviamente que faltam aqui imensos nomes que vão constar neste TOP (Above & Beyond, Zedd, Knife Party, Showtek, Dyro, Chuckie, Quentin Mosimann, Blasterjaxx, etc.) mas não quero perder mais tempo e vou falar do realmente interessa a todos nós. OS PORTUGUESES. 
 
Sim, escrevi bem... OS PORTUGUESES. Tudo leva a crer que vamos ter 2 Portugueses no TOP 100 Mundial em 2014. É escusado dizer os nomes mas o KURA e DIEGO MIRANDA estarão nesta tabela e estou convicto de uma entrada histórica do Kura (perto da posição 80) e de uma melhoria do posicionamento do Diego Miranda (em 2013 atingiu a 94ª posição) podendo mesmo chegar aos "70's". 
 

É escusado dizer os nomes mas o KURA e DIEGO MIRANDA estarão nesta tabela (...)

 
Volto a referir que isto são tudo previsões que são baseadas no conhecimento e experiência que fui obtendo ao longo dos anos e que permitem uma análise mais aprofundada mas poderei estar errado (faço votos para que não esteja porque é um orgulho ver 2 Portugueses nesta tabela). 
 
Não posso esquecer os nossos irmãos Brasileiros nesta minha previsão (até porque estou a torcer por um deles). Se os Felguk são presença certa nesta tabela, estou convicto da entrada de um "fenómeno" chamado Ftampa e de quem muito me orgulho, não só pelo seu trabalho e qualidade mas também pelo trabalho do seu manager de quem sou amigo e admirador confesso (Guilherme Tannenbaum) que tem feito um trabalho notável apesar da sua tenra idade.
 
Não vou alongar-me mais e cá estaremos todos para conferir se estas previsões em forma de antevisão estarão correctas e se iremos celebrar a presença de 2 nomes Portugueses nesta tabela que tem servido de referência na escolha dos melhores DJ's dos mundo.
 
Ricardo Silva
Publicado em Nightlife
Pela primeira vez, na história do Top 100 DJs, uma dupla chegou ao número 1: os irmãos belgas Dimitri Vegas & Like Mike, subiram este ano 1 posição, para descoroar o holandês de 27 anos, Robbert Van de Corput, conhecido no meio por Hardwell. O restante Top 5 foi, sem surpresas, preenchido por Martin Garrix (3), Armin Van Buuren (4) e Tiesto na quinta posição. Como sempre os resultados foram  apresentados debaixo de fogo e muito comentados pelas redes sociais, com frases de revolta e desagrado em relação à edição deste ano levada a cabo pela revista britânica DJ Mag.
 
Nesse sentido e pelo quarto ano consecutivo, o Portal 100% DJ lançou um desafio a rostos conhecidos e influentes na noite Portuguesa, a fim de responderem à questão “Qual é a sua opinião sobre o Top 100 da DJ Mag?”. O nosso segundo convidado a responder é Ricardo Silva, da DWM Management. 
 

Qual é a sua opinião sobre o Top 100 da DJ Mag?

 
Na antevisão dos resultados do TOP da DJ MAG, escrevi e tentei clarificar algumas situações relativas a esta tabela, onde todos sabemos que os resultados são baseados nos votos dos fãs mas também num forte investimento em promoção e na "angariação" de votos. 
 
Após ver os resultados e ler os meios de comunicação social, sites e blogs (worldwide) surgiu a indignação (que não tinha) referente a esta tabela. 
 
Ficou provado pelas classificações e entradas nesta tabela que houve muito mais do que simples investimento em promoção para haver subornos e métodos de persuasão na angariação de votos. 
 
Desde promotoras com Ipads a "solicitar" votos diretos em eventos (Dimitri Vegas e Like Mike foi um dos casos) a ofertas (leia-se subornos) de presentes em troca de votos, tudo valeu nestas votações. Ver entradas de "desconhecidos" a nomes como "Chetas e Miss K8" nesta tabela que destaca os nomes mais sonantes a nível mundial, deixa qualquer um indignado e que prova que neste mercado "vale tudo" para atingir os fins. 
 

Ficou provado pelas classificações e entradas nesta tabela que houve muito mais do que simples investimento em promoção (…)

De uma vez por todas, temos de perceber as diferenças entre investimento em promoção onde é dada a liberdade de escolha e de um "clique" e a "compra ou suborno" que nada traz de benéfico a este mercado e cria uma falsa ilusão de "fama e estatuto". Esta situação aplica-se também às redes sociais (Facebook e Youtube principalmente). Há diferenças entre ter anúncios promovidos ou patrocinados em que é dada a liberdade de fazermos um "like" ou um "view" com uma compra de um simples número irreal e que não traduz a realidade. 
 
Espero que seja o próprio mercado, os clientes e principalmente os fãs que pagam para assistir às actuações que consigam fazer a triagem e separar "o trigo do joio" para que esta tabela tenha algum significado.
 
Ricardo Silva
DWM Management
 
Publicado em Nightlife
terça, 05 setembro 2017 17:49

Eu ainda acredito

Acabou o verão (leia-se Julho e Agosto) e regressamos a outra realidade para os DJs Portugueses. Voltam a olhar para os clubes/discotecas como a sua fonte principal de rendimento, depois de dois meses em que puderam pisar palcos por todo o país.
 
Estamos claramente na mudança para um novo ciclo da música electrónica onde apenas alguns conseguirão manter-se no mercado. Durante vários anos vimos o aparecimento de “fornadas” de novos DJs (peço desculpa pelo uso da palavra) e rapidamente perceberam que ser DJ não é tocar uma playlist de um PC e de um controlador ou produzir música com uns samples “sacados” da net e fazer umas coisas num programa pirata. 
O mercado está a mudar novamente e "o DJ" perdeu imenso do espaço que tinha conquistado nos últimos cinco anos. 
Os palcos perderam a necessidade de fazer um cartaz repleto de DJs que nada de novo trouxeram ao mercado nos últimos três anos. Um formato "gasto", baseado no "show off" e utilização excessiva de "efeitos especiais" que deviam servir de "complemento" e tornaram-se na própria actuação, relegando para segundo plano o principal - a música. 
 
Quem conseguiu perceber "o caminho certo" foi quem conseguiu manter e afirmar-se. Os Turntablists, DJs de Hip Hop e principalmente os DJs com sonoridades mais "clubbing" (House, Techouse, etc.) conquistaram o seu espaço por mérito próprio e temos assistido a um crescimento de festivais e eventos com essas sonoridades por todo o país e com uma autêntica legião de seguidores.
 

Durante vários anos assistimos à degradação da profissão de DJ por culpa própria.

 
Ninguém consegue prever o futuro mas tudo indica que vamos ter um novo ciclo onde a "música de fusão" pode ser a única alternativa para todos aqueles DJs que quiseram afirmar-se com estilos que "só servem" para festivais e com uma produção gigantesca em torno da actuação. Querer actuar em clubes/discotecas regularmente e massacrar os clientes com Big Room e Electro deixou de fazer sentido (excepto se o evento ou temática for adequada).
 
Durante vários anos assistimos à degradação da profissão de DJ por culpa própria. Qualquer um era DJ. O dono da casa, a malta que saiu dos Reality Shows, as figuras públicas que não tinham trabalho, o desempregado que achou que era fácil, o "modelo" que ficou velho e ficou sem trabalho, o "puto" da escola preparatória que queria ser o David Guetta ou as "raparigas ou rapazes" que queriam ser "famosos" e que para eles a música não era o importante.
 
Dizer a alguém "sou DJ", deixou de ser algo que era dito com orgulho. Deixou de ser aquela pessoa que tinha cultura, conhecimento musical, a pessoa que tinha capacidade para "mexer contigo" durante 5 ou 6 horas para passar a ser um indivíduo que mete uma playlist durante 1h00, dispara uns confetis e CO2 e vai para casa com o ego em alta a pensar que é o melhor artista do mundo.
 
Perdeu-se o principal... A MÚSICA.
 
O DJ deixou de o ser para passar a ser um mero "entertainer". Alguém que "não precisa" de ter "skills", alguém que não "arrisca" e testa novas músicas e sonoridades. O DJ é alguém que é uma cópia de outro DJ que tem mais sucesso que ele. O DJ deixou de ser um "educador musical" para ser uma "jukebox" em que ele lá estar a ser pago pelo serviço que presta ou uma caixa onde inserimos moedas e escolhemos o que queremos ouvir é a mesma coisa.
 
Eu ainda acredito que há esperança para a profissão tão nobre que é ser DJ. 
Acredito que vai piorar antes de melhorar mas que os DJs voltarão às cabines e deixarão os palcos onde tocam playlists. Acredito que o verdadeiro DJ ainda existe e está apenas "adormecido" e a aguardar que esta fantochada termine. 
Eu ainda acredito nos verdadeiros DJs.

Ricardo Silva
DWM Management
Publicado em Ricardo Silva
No dia em que serão apresentados os resultados das votações do TOP 100 da DJ MAG, as expectativas são muitas para sabermos se será o ano de Hardwell.
Sabendo da força que os PR (Public Relations) de Armin Van Buuren, Aviici, Tiesto e Nicky Romero têm, o resultado deste ano é imprevisível. 
Certo, é que no topo estarão todos estes nomes, com David Guetta, Skrillex, Deadmau5, Swedish House Mafia, Afrojack, Zedd e Daft Punk incluídos. Especial curiosidade para saber o posicionamento de Zedd, Daft Punk e SHM, com David Guetta a ser sempre um nome a ter em conta devido ao seu investimento na promoção para estas votações. 
 
Em segundo plano mas a espreitar um bom resultado, teremos alguns nomes como Above & Beyond, Steve Aoki, Calvin Harris, Alesso e Dimitri Vegas e Like Mike (muito por culpa do seu empresário ser o "mentor" do Tomorrowland). Não será de estranhar que algum deles consiga entrar no TOP 10. 
 

Tudo isto são previsões mas não andará longe da verdade... todos sabemos que sendo estas votações fruto de imenso marketing, especulações e investimentos financeiros monstruosos, poderá haver sempre surpresas (...)

 
Certo será o desaparecimento de alguns nomes mais antigos e que não farão parte desta lista. O rei Carl Cox tem o seu lugar assegurado, mas nomes como Erick Morillo, David Morales e outros "dinossauros" não farão parte desta lista. 
 
Sabendo que esta votação não é feita para sonoridades mas "Clubing", estamos curiosos para saber se Seth Troxler, Richie Hawtin, Maceo Plex, Marco Carola ou Jonh Digweed terão lugar neste TOP. 
 
Os DJ's de Trance marcarão presença, bem como nomes mais "desconhecidos" dos Portugueses. A grande novidade este ano serão entradas de nomes com sonoridades EDM/Progressive e Bass Music. Nomes como Otto Knows, Dyro, Dannic ou Quintino poderão aparecer, sendo certo que Skrillex estará no TOP 15 e Felguk, Knife Party e Infected Mushroom integrarão este TOP 100, deixando de fora nomes como Excision, Datsik ou Borgore
 
Também no TOP estarão nomes como Chuckie, Nervo, R3hab, Laidback Luke e nomes como Fatboy Slim, Bob Sinclair, ou Mark Knight poderão não constar nesta lista. 
 
Tudo isto são previsões mas não andará longe da verdade... todos sabemos que sendo estas votações fruto de imenso marketing, especulações e investimentos financeiros monstruosos, poderá haver sempre surpresas e nomes de menor relevo poderão integrar esta lista. Facto é que a presença no TOP 100 assegura um acréscimo no valor comercial e financeiro de qualquer artista. 
 
Os Portugueses
 
Para muita pena minha, não acredito que este ano haja algum Português no TOP 100. Mastiksoul consolidou a sua posição no mercado Nacional (a meu ver, bem) e apesar da sua presença em festivais em todo o mundo, o "grosso" da sua votação será em Portugal o que não permitirá a sua entrada nesta tabela. Pete Tha Zouk irá descer imenso as suas votações e não acredito que este ano tenha votação suficiente, visto em anos anteriores ter obtido votos do mercado Brasileiro, onde este ano esteve muito menos visível que em anos anteriores. Pedro Cazanova com mercado nos Países de Leste e Diego Miranda com as suas actuações no Ushuaia e Green Valley não irão estar no TOP 100 deste ano.
Buraka Som Sistema e Karetus, apesar de terem andado no TOP Mundial de vendas das suas musicas, nem sequer quiseram entrar nesta corrida, tomando a decisão correcta na minha óptica. 
DJ VIBE irá sofrer com o desaparecimento dos nomes dos "dinossauros" e apesar do respeito e admiração do publico, não terá votação de relevo. O outro nome forte Português - DJ RIDE - não irá entrar nas contas, visto o seu mercado ser basicamente o Português e a sua presença tardia no Rock In Rio do Brasil, não trazer votos e o próprio artista meteu-se à margem desta votação. 
 
Muitos outros Portugueses apelaram ao voto para esta tabela mas todos sabemos que é apenas um "capricho" porque infelizmente, continuamos nesta "guerrilha" interna onde temos muito que aprender com Suecos e Holandeses. 
 
Agora é esperar mais uns minutos e saberemos os resultados...
 
Ricardo Silva
DWM Management
Publicado em Nightlife
Pág. 1 de 2