Diretor Ivo Moreira  \  Periodicidade Mensal
segunda, 16 abril 2018 22:24

O futuro que se vê

Voltamos a fazer uma pausa na apresentação dos nossos VJs e dos seus projectos para falarmos de um tema que está na ordem do dia, não fosse esta uma área intimamente relacionada com a tecnologia. O mundo visual está a mudar todos os dias. Surgem novas ferramentas e ideias que complementam cada vez mais o nosso dia-a-dia. As marcas estão atentas e claro, são as primeiras a investir quando este investimento é capaz de lhe trazer retorno e acima de tudo, diferenciação.

Já falamos anteriormente em termos como fulldome, realidade virtual, 360º e da sua presença na nossa rotina. 

Apesar de todos nós sabermos do peso da arte visual na cultura, este é um caminho que tem tomado contornos cada vez mais interessantes. Várias cidades do Mundo como São Paulo, Amesterdão, Moscovo têm direccionado o trabalho de projecção para a cultura e impacto social. Esta alteração denota-se em eventos como o Festival Chave do Centro, em que vários edifícios de uma mesma rua são mapeados ao longo de um mês, alterando toda a perspectiva que temos da arquitectura e das ruas noturnas. Para além disso, foram utilizados desenhos de crianças de instituições de acolhimento que puderam ver as suas obras de arte projectadas num prédio de 15 andares.
 


O Festival Lumina é exemplo de como a arte visual é capaz de impactar diferentes públicos e de carimbar a sociedade com uma vivência inovadora. A vila de Cascais enche-se de luz e é preenchida por actividades, acções, peças de arte que encantam todos os visitantes. É parte de uma rede internacional de festivais de luz e tem presença assegurada em 2018.

É uma forma de contemplar este futuro que apela a todas as sensações, aliado ao nosso património e à cultura.

Uma outra perspectiva, desta feita, mais comercial, é a utilização que as marcas têm feito destas ferramentas.

Para além do grande investimento que fazem em feiras, apresentações, eventos como a recente Web Summit, estão cada vez mais presentes na nossa rotina. Basta passarmos numa área de serviço, entrarmos numa loja Worten ou Sport Zone da insígnia SONAE ou mesmo numa loja de telecomunicações como a NOS, Vodafone e MEO.

Somos imediatamente bombardeados com comunicação em painéis de Leds e painéis interactivos que preenchem a necessidade de contacto do ser humano.

Esta evolução é marcadamente visível em perfumarias e lojas de roupa - as marcas têm apostado nos provadores digitais, em que os clientes podem trocar de roupa virtualmente. Tudo através de um scan e de um projector.
 


O investimento das marcas faz um paralelismo com a receptividade por parte dos consumidores. Estamos mais susceptíveis a este mundo virtual, visual, interactivo que nos acompanha. É preciso pensar mais além, é preciso criar diferenciação, impacto e valor nas experiências com os consumidores.

As ferramentas estão aqui. Cabe-nos a nós projectar ideias e agregar valor e empatia. É possível sensibilizar, mais do que manipular. É possível fazer a diferença - uma diferença que se vê.
 


Deixamos ainda uma sugestão para este mês de Abril: acompanhem o LIVE Performers Meeting que vai ter lugar em Roma e que nos trará ainda mais novidades da arte visual.

Partilhem e continuem a acompanhar-nos.
 

Publicado em VJ Session
quinta, 01 fevereiro 2018 19:13

VJ Volshock - Impacto visual

Há mais de 10 anos a trabalhar como VJ, apresenta-se como "auto-didacta" - tudo o que sabe, subsiste por curiosidade e pelo gosto com que o faz e como o próprio diz "as artes do espectáculo foram algo que sempre despertaram o meu interesse".

Diogo ou VJ Volshock, como é conhecido no meio - tem 28 anos e ao contrário do que poderíamos pensar em primeira instância, a formação com a qual iniciou o seu percurso passa pelas ciências sociais e políticas. Portanto, duas áreas que à partida, teriam tudo para se manterem afastadas...

Não na vida do Diogo! Profissionalmente, está ligado ao mundo da informática e do marketing - duas áreas que alimentam alguns dos sonhos deste VJ, que pelo meio, revela algumas curiosidades.

Diogo acumula ainda uma forte paixão pelo empreendedorismo: "Sou um jovem empreendedor, e trabalho em 2 Startups, a WIKINIGHT e a VEDU, sendo que desta última sou o Fundador."

Não se recorda do momento em que se estreou: "na altura não havia Facebook para registar esse momento" - diz entre risos - mas compara o sentimento ao do primeiro dia de escola: "existe sempre aquela preocupação em que corra tudo bem."

Podemos ver o trabalho do Diogo na discoteca MOME em Lisboa (antigo Main) e na discoteca BLISS, em Vilamoura.
 


Diogo encara todos os tipos de trabalho como desafios e tem noção da importância de cumprir o seu papel mas também da versatilidade necessária para agradar os diferentes clientes - o conforto na vertente profissional - associa-o mais ao planeamento, à produção - ou seja, o que antecede o espectáculo ou o evento "o nível de conforto passa mais por ter o set bem planeado em conjunto com os artistas ou a produção, caso haja algum problema técnico." 

É com este espírito de cooperação que encara o meio audiovisual - "a competição é saudável, e as produtoras de eventos e os clientes agradecem por cada vez melhores espetáculos".

A partilha de recursos, opiniões, de datas e trabalhos é algo que vê com bons olhos e considera essencial entre os VJs - principalmente porque são poucos profissionais em Portugal e como o próprio diz "no final do dia, somos todos amigos".

Quando falamos da evolução do Vjing em Portugal, Diogo confronta-nos com duas categorias distintas: comercial e artístico e acrescenta: "Eu percebi que a que tinha mais capacidade de evoluir era a comercial por ir ao encontro daquilo que as marcas e as produtoras de eventos pretendem. De qualquer das formas, ambas as categorias coexistem, pois muitos dos conteúdos que utilizo provém de VJs que seguiram a veia mais artística."

Simultaneamente, sabemos que há uma crescente preocupação com a vertente visual e que esta se denota na forma como as próprias produtoras olham para a comunicação visual e Diogo reforça: "é tão ou mais importante do que a música, e isso é muito bom."

O caminho tem vindo a ser traçado e quanto ao futuro, Diogo revela ideias muito concretas: "actualmente já existe uma fusão entre o vídeo e a luz, muito devido à evolução da tecnologia LED, mas o futuro passa pelos hologramas e realidade virtual, onde o VJ será o arquitecto do palco.

É verdade que a actualidade deste sector no estrangeiro está muito evoluída e que o próprio público reconhece um valor muito grande na componente visual, razão pela qual os VJs revelam ser fulcral a experiência além-fornteiras. Para Volshock não só é essencial como obrigatória "Devemos estar sempre atentos às tendências externas para podermos trazer para Portugal o melhor para os nossos espectadores."
 


Para além disso, há a componente criativa que excede qualquer expectativa: "Para mim o mercado Corporate é, sem dúvida, o mais evoluído e o pioneiro na utilização de novas tecnologias na componente visual (...) as marcas têm orçamentos milionários quando se trata de apresentar aos clientes um novo produto ou serviço e procuram sempre a forma mais extraordinária para o fazer."

As técnicas têm sido aprimoradas e estes investimentos, cada vez mais avultados, são perceptíveis em grandes eventos, desde festivais aos corporates/apresentações de empresas, como já foi referido.

O próprio videomapping como já referimos nesta rubrica, veio acrescentar um impacto diferente - muitas vezes incorporando a própria magia dos locais - basta ver um qualquer espectáculo projectado no Mosteiro dos Jerónimos - a carga que acarreta é grande e permite comunicar de uma forma muito forte. Para o VJ, "o vídeo mapping é a base para o futuro do espectáculo visual. Trata-se de trazer a imersão da realidade ao ritmo da musica!"

Reitera ainda que, independentemente do local e dos meios através dos quais exercemos esta profissão, "a persistência no estudo desta arte combinada com a vontade de ser melhor e fazer mais, com certeza que irão resultar em coisas boas".

Foi com optimismo que iniciámos a conversa e é com optimismo que terminamos, com a certeza de que por onde quer que o futuro possa ir, vamos adaptar-nos e construir novas formas de comunicar através das sensações - o VJ é isto mesmo e o caminho está em aberto para todas as possibilidades.

Continuem a acompanhar-nos nesta descoberta!
 
Conhece o trabalho do VJ Volshock:
Publicado em VJ Session
Vando Camarinha tem 28 anos e depois de conquistar o território nacional, começa agora a dar cartas no mundo da música eletrónica a nível internacional, através de imagens capturadas por si, no momento certo. Natural do Porto e formou-se em Multimédia pelo Instituto Superior da Maia, unindo assim várias das suas paixões: design gráfico, vídeo e fotografia. Fica a conhecer melhor a sua personalidade e trabalho através da entrevista que lhe fizemos.

Como começou a tua história no mundo da fotografia ligada à música eletrónica? 
Foi há 5 anos. Eu trabalhava na noite como fotógrafo e o meu melhor amigo veio à discoteca nessa noite e acabou por me fazer a pergunta: “Vando já que gostas tanto de fotografar, porque não apostas em festivais de música?”. A partir daí comecei a pesquisar sobre alguns trabalhos de alguns fotógrafos profissionais na área dos festivais e com alguns contactos que tinha fui convidado a fazer os meus primeiros festivais. Estava um pouco nervoso no início porque não sabia onde me ia meter! Mas a partir desse momento foi ‘sempre a abrir’. Adoro a fotografia de ambiente festivaleiro, adoro música eletrónica e esses dois temas juntos é perfeito para mim e para o que eu faço!

Que festivais e artistas já fotografaste? 
Portugal: MEO Sudoeste, EDP Beach Party, Melhores do Ano, RFM Somnii, Mega Hits Kings Fest, I’ am Hardwell. Internacionais Inox Park Paris e Elektric Park Festival. Artistas: Dannic, Hardwell, Martin Garrix, Bob Sinclar, Laidback Luke, Dimitri Vegas & Like Mike, Sebastian Ingrosso, Showtek, DVBBS, Thomas Gold, Lost Frequencies, Alesso, Pete tha Zouk, Kura, Nervo, Don Diablo, Bassjackers ,Tujamo, entre outros.

Que história caricata podes contar sobre um dos teus trabalhos?
Tenho várias, mas uma que recordo mais foi quando estava a fotografar as NERVO em Paris e no momento em que ia a sair do palco, acabei por cair de cu no chão! No momento senti-me um pouco envergonhado porque tinha todas as pessoas a olhar para mim e porque foi o primeiro festival que fiz internacionalmente. Como devem calcular, as pessoas começaram-se a rir e eu com a minha calma toda disse-lhes que era uma coisa normal quando se ama o que se faz! 

Que artista gostaste mais de fotografar? 
Kura foi sem dúvida um dos que mais gostei de trabalhar. Para além de humilde, foi das pessoas que mais apostou em mim e que me deu força para continuar a fazer mais e mais neste ramo! 
 
Que material fotográfico aconselhas para um jovem fotógrafo que queira seguir os teus passos? E algumas dicas?
De material fotográfico aconselho para os iniciantes desta modalidade, a Canon 550D ou Canon 700D. Para iniciar é perfeita para praticar. 
Pesquisando, inovando e tendo sempre uma open mind, isso é a melhor dica que podem ter. Não se deixem intimidar por ninguém, sejam simples, humildes, idealizem, concretizem e principalmente sejam unidos.

Quais os eventos e artistas que mais gostarias de fotografar?
Ultra Music Festival e Tomorrowland.
 

Publicado em Entrevistas
sexta, 03 novembro 2017 23:27

VJ Akira - Directo ao assunto

Marco Ferreira é o nome do artista visual que apresentamos esta semana, mais conhecido como VJ Akira.
 
Começou como part-time na área do VJ mas três anos mais tarde tornou-se uma actividade a full-time, Akira apresenta-se como um VJ sensível às artes visuais, com uma perspicácia e um background próprios de quem vive o sentido da estética visual, seja através de vídeo ou fotografia.
 
Foi desde o início referenciado como representante do futuro do Vjing no nosso país, tendo no seu currículo nomes fortes do panorama da música nacional e internacional.
 
Tudo começou com o nervosismo próprio de quem sente na pele a responsabilidade de trabalhar esta arte.
 
Akira recorda o derradeiro início "no ano 2000, numa discoteca que tinha acabado de investir perto de 30 mil euros em equipamento multimédia para VJ. A minha cabine era maior do que a do Dj... Recordo-me de estar um pouco nervoso, mas tinha feito o trabalho de casa."
 
Em 2005, após uma proposta da "Bacardi Gallery", Akira faz uma colaboração com o DJ Pete Tha Zouk e no ano seguinte integra o "Love Video Festival" por convite do formador António Pires e participa num espectáculo intimista na FNAC do Porto.
 
No final desse mesmo ano, 2006, vê ainda o seu trabalho reconhecido através do convite para participar no festival "Númera".

VJ Akira - Directo ao assunto

 
 
De facto, o ambiente de festival e discoteca assumem a preferência do VJ, isso e "seguir em tempo real a música do DJ."
 
Em 2007, inicia uma parceria com o Dj Jamie Lewis (Purple Music), com espectáculos mensais em Zurique. E se nesse mesmo ano, conquista o terceiro lugar "Be a VJ Heineken", ganhou a determinação para em 2008 conquistar o primeiro lugar na mesma competição.
 
Estar fora da zona de conforto, investir na internacionalização são aspectos relevantes no reconhecimento nacional dos profissionais de vídeo. O VJ reitera: "A internacionalização do VJ é muito importante para ser reconhecido no seu país, infelizmente. Só a partir daí é que começam a reparar mais em nós."
 
Acrescenta ainda: "é sempre importante conhecer o mercado internacional para ver se há novidades mas Portugal não está nada atrás de outros países."
 
Portugal tem feito a sua evolução mas a união entre os profissionais pode beneficiar todos e neste campo, reconhece o meio audiovisual como competitivo apesar de ressalvar o positivismo: "Há muita inveja e pouca união entre os VJs, mas fiz bons amigos VJs."
 
Akira, mostra-se curioso e activo noutros campos do audiovisual - a produção e realização de vídeo-clips tem sido um complemento na sua carreira, trabalhando inclusivamente com o galardoado Stress na produção de alguns trabalhos de vídeo.
 
O trabalho do VJ Akira é reconhecido pela harmonia na manipulação de vídeo, criando ambientes visuais específicos para cada tipo de espetáculo.
 
Actualmente para além da parceria com o cantor Slimmy, é VJ do Grupo Eskada, Kazzo Collective - Plano B e Vj residente na Via Rápida (Porto).
 
No que diz respeito ao futuro e ao investimento das marcas, mostra-se céptico.
 
Considera que "se torna mais difícil fazer grandes eventos com grandes produções multimédia" - este é um ponto fulcral em que as marcas de apoio às artes visuais podem e devem estar presentes, não apenas como investidoras mas como agregadoras de artistas visuais - representantes de uma arte que em tudo faz uso da tecnologia nos mais diferentes espaços, com uma capacidade ilimitada de criatividade.
 
Akira finaliza "Infelizmente o nosso país nunca dá o devido valor aos artistas nacionais mas temos muitos bons VJs em Portugal"
 
Este é o caminho - o reconhecimento de profissionais para profissionais - e é o melhor elogio que podemos fazer à arte visual.
 
Conhece o trabalho do VJ Akira:
 
 

Publicado em VJ Session
segunda, 15 fevereiro 2021 14:33

100% DJ vai meter tudo "em pratos limpos"

Numa altura em que as plataformas digitais se destacam e a comunicação se reinventa por força da pandemia que estamos a viver, a redação do Portal 100% DJ irá lançar uma nova rúbrica.
 
"Em Pratos Limpos" trata-se de uma conversa informal, a ser transmitida semanalmente através do Instagram com convidados ligados à noite, setor de portas fechadas desde há um ano. 

A primeira emissão será realizada no próximo domingo, 21 de fevereiro, com o DJ e produtor Zinko, recentemente distinguido com o "Prémio Talento 2020" ação realizada também pela 100% DJ.

O seu novo single, as músicas lançadas em editoras de renome internacional e o que espera do futuro serão alguns dos temas abordados, numa conversa que irá para o ar a partir das 21h30 em www.instagram.com/deejay.pt.
Publicado em 100% DJ
terça, 19 setembro 2017 19:20

VJ - Uma arte que dá nas vistas

Fazem dos espetáculos e dos eventos um espelho para a sua criatividade, são cada vez mais reconhecidos em Portugal e oferecem-nos um mundo novo de envolvimento com o público ou espetadores.
 
Visual Jockey (VJ) é um artista visual que manipula e edita imagens e vídeos e geralmente através de uma sequência de animações curtas, estabelece uma relação narrativa com quem assiste.
 
Trabalhando a ligação de sincronia entre o som e a imagem, o vjing enriquece qualquer espaço e é uma arte tão versátil quanto capaz de se adaptar a diferentes públicos.
 

 
Apesar de ser uma atividade reconhecida em todo o Mundo com grande destaque na América do sul, o reconhecimento nacional desta arte tem tardado.
 
No entanto, paulatinamente, tem feito o seu percurso, e nos últimos anos, muito graças às marcas que veem na criação e desenvolvimento de conteúdos uma forma de interação única com os seus consumidores.
 
Porém, esta arte é muito mais do que um negócio e é com o maior orgulho que apresentamos no site 100% DJ, o nosso espaço de partilha deste mundo visual e da forma criativa como o exploramos.
 
Muito para além das festas, vamos revelar rubrica após rubrica, a expansão do vjing a outras áreas: das galerias de arte aos teatros, passando pelos restaurantes e esplanadas, referindo ainda desfiles de moda até ao papel de intervenção social que também o caracteriza.
 

 
Através da manipulação de imagens ao vivo, cores, texturas, sequências e formas – pretende-se criar uma história para os espetadores com o intuito de que possam sentir e imaginar para além do que estão a ver.
 
No limite, o potencial de uma performance de vjing é idealizada pelo envolvimento de outros artistas como músicos, dançarinos, atores numa verdadeira manifestação cultural.
 
VJ Session é o nome deste espaço que vai dar a conhecer os maiores nomes do VJ em Portugal, muitos deles com carreiras internacionais até agora por descobrir.
 
Acompanhem-nos nesta descoberta!
 

Publicado em VJ Session
quarta, 04 outubro 2017 21:43

VJ João Data - O estado (unido) da arte

João Data é artista visual e director de arte; tem desenvolvido o seu trabalho nos Estados Unidos e é o primeiro VJ a ter destaque na rubrica VJ Session.

Apesar da Europa ser um destino atractivo pela estética e história, os Estados Unidos trabalham a uma escala diferente - é lá que reside desde 2010, estada que lhe garante hoje uma experiência profissional de outra magnitude, com princípios de trabalho muito próprios e que partilha connosco nesta entrevista.
Considera que a Internacionalização é essencial para o crescimento profissional e pessoal de qualquer artista, experienciar novas culturas e viajar para diferentes países forçou-o a crescer, a exigir mais de si próprio, do seu trabalho e acima de tudo a evoluir.

É assim, num misto de criatividade, humildade e profissionalismo que conhecemos Data: um verdadeiro artista.

Não se recorda do momento em que se estreou como VJ mas a memória leva-o ao ano de 2004, mais concretamente, ao Hard Club no Porto: "a estética única daquele espaço junto ao rio Douro (...)".
No entanto, lembra-se bem de "transportar torres e monitores pesadíssimos para as trincheiras do trance psicadélico em Portugal com o companheiro de armas Ivo Reis, naquilo que foi a infância do projecto Datagrama".

Estaria ainda no início da sua grande carreira e talvez longe de imaginar o trajecto que iria fazer, relacionando a experiência como artista com a própria área profissional.
Dedicado, foi em 2016 que terminou o doutoramento em Artes Digitais pela Universidade do Texas em Austin mas ressalva o que considera essencial para evoluir nesta área: "Passa acima de tudo por uma procura constante de informação na Internet e pela experiência prática dos eventos. A exposição directa com o feedback do público e colaboração com outros artistas fazem-nos evoluir de uma forma provavelmente mais acelerada e espontânea do que encontramos nas universidades."
 
Acrescenta ainda: "tenho a oportunidade de dar aulas em universidades em modo laboratório e com foco no trabalho prático, que é uma extensão do meu trabalho de campo como artista visual e profissional da área do entretenimento e espectáculo. Neste sentido, o Vjing e direcção de arte acabam por ser nestes últimos anos a minha ocupação principal."

Do seu currículo fazem parte clientes como Vimeo, National Geographic, Scion e C3 mas o VJ tem consciência das implicações comerciais num pojecto artístico. "O pré determinismo do projecto comercial normalmente não estimula a criatividade, é no processo colaborativo com músicos, na dança, etc. que os projectos ganham uma dimensão maior, normalmente através da experimentação e liberdade criativa. A música electrónica é nesse sentido um local privilegiado para estimulação sensorial praticamente sem limites, e uma escola fundamental para o VJ como performer sem as restrições do mundo comercial."

A liberdade criativa é essencial desde a criação de conceitos até à prática que se aplica em qualquer espectáculo - é neste ambiente em que a entre-ajuda se faz notar que se trocam opiniões mas também, muitas vezes, se percebe que a competitividade vivida não potencia o valor profissional de ninguém: "É um meio muito competitivo, mas o apoio e acesso a ferramentas e conhecimento em aberto (open source) permite-nos evoluir como nunca antes foi possível. Tenho as minhas cicatrizes, provavelmente como a maior parte de profissionais de outras áreas depois de mais uma década activo numa área, mas acredito que cada vez mais as novas gerações estão conscientes que partilha de conhecimento e experiências é fundamental para evolução pessoal e profissional."
 

Video Installation at 4321 Eclispe Festival from João Beira on Vimeo.


Esta é a mensagem essencial do artista que mostra clareza quando falamos do estado da arte em Portugal - "Eu tenho uma visão e experiência muito limitada do Vjing em Portugal. A minha experiência pessoal está intimamente relacionada com o Boom Festival, um dos poucos eventos desta escala que não trabalha com marcas e não tem mesmo patrocínios. Pelo contrário, a minha experiência nos Estados Unidos passa muito por esta relação entre as marcas e eventos, eventos como o SXSW criam ecossistemas em que as marcas precisam de artistas visuais para recriar experiências únicas, com destaque. Muitas vezes em festivais nos Estados Unidos temos tido apoio das marcas (projectores de vídeo, sensores) que disponibilizam novas tecnologias para residências artísticas, instalações e performances. Essa ponte entre a indústria e as artes são fundamentais para a criação de projectos novos e de grande escala, e em última análise, para a sobrevivência de muitos freelancers e artistas. Gosto de acreditar que em Portugal esta relação exista, ainda que seja numa escala mais pequena."

Temos evoluído lentamente e o video mapping ajudou a credibilizar e a mentalizar o público: "o video mapping introduziu uma nova forma de trabalhar luz e vídeo, integrando a imagem digital directamente no espaço físico, e indo para além do rectângulo da tela de cinema e do monitor. É uma forma de realidade aumentada e que pode ser experimentada colectivamente, tal e qual a performance e o cinema. Tem qualidades únicas a nível tecnológico e criativo, principalmente a nível da percepção do espaço."
No entanto, reflecte: "acredito que nos últimos anos existiu um hype à volta do termo e da técnica em si, em particular no Vjing, e que ofuscou, por vezes, aquilo que é a essência do Vjing, assente no design e na produção de conteúdos, por um fascínio e pré determinismo de uma técnica. Quando estes dois mundos se cruzam, design e video mapping, os resultados são fantásticos e elevam o papel das artes visuais na música electrónica para um patamar completamente diferente de há uma década. Considero que é uma técnica que tem muito ainda por explorar, e que a introdução de novos e mais sensores e displays holográficos vão continuar a revolucionar esta forma de arte e tecnologia.
 

E se é certo que são as entidades comerciais as principais impulsionadoras de eventos, podem ser pioneiras em territórios únicos e capazes de impactar milhares de pessoas.

Quando falamos do futuro, João é perentório: "é fundamental termos uma atitude pró-activa e partilharmos os projectos e experiências que desenvolvemos em estúdio em plataformas online e redes socais. Muitas destas experiências acabam por se transformar, eventualmente, em projectos de instalação e/ou performance.
Ou seja, em vez de termos uma atitude de marketing agressiva, à procura de clientes, eu procuro fazer exactamente o contrário, que as pessoas cheguem até mim naturalmente, a partir do trabalho gerado.
Acho que a projecção do VJ e do vjing passa por reinventar-mo-nos como artistas através das colaborações com outros artistas e criativos. Este processo tem um base de trabalho diário, e a evolução pessoal e criativa vem com a idade e com a experiência, sem medo de falhar e correr riscos. Só assim conseguimos projectar o nosso trabalho a nível nacional e internacional."

É assim que João Data termina, como um profissional de mão cheia, que nos ensina a todos a reinventarmos a arte de forma livre e sem preconceitos.

Temos um caminho longo a percorrer mas vamos fazê-lo, relacionando a evolução tecnológica com a estética e garantindo um reconhecimento maior para o nosso pequeno mundo das artes visuais.

Continuem a acompanhar-nos nesta descoberta!
 
Descubram mais sobre o VJ João Data:
 

Publicado em VJ Session
domingo, 03 dezembro 2017 22:32

Backstage - Softwares VJ

Esta semana fazemos uma pausa na apresentação dos nossos VJ's e dos seus projectos para falarmos sobre softwares específicos que servem de base a este trabalho.
 
Fulldome, realidade virtual, 360º são termos que estão cada vez mais presentes no nosso dia-a-dia e com toda a certeza farão parte do nosso futuro.
A projeção está em todo o lado, deixa-nos boquiabertos, deixa-nos curiosos e constitui uma maneira de comunicarmos com multidões, permitindo que cada pessoa sinta o espectáculo e o perceba à sua maneira.
 
Neste sentido, existem diferentes ferramentas para a projeção de conteúdos – uma forma de manipular imagens e vídeos ao vivo, criar sequências de loops, definir controladores e originar um espectáculo coerente.
 
 
Preferências à parte, um VJ deverá ser conhecedor de diferentes softwares, de forma a responder aos mais diversos inputs, falemos em edição de imagem ou mesmo criação de conteúdos de raíz - 2D ou 3D.
 
O After Effects é na maioria das vezes unânime quando falamos de um software de auxílio para todo e qualquer tipo de edição de vídeo, ainda que o Premiere esteja cada vez mais actualizado - ambos se complementam sendo que para um VJ, não sendo obrigatório dominar, é uma mais-valia na execução e criação de elementos gráficos.
 
 
 
Quando falamos dos softwares de VJ em si mesmos, há alguns nomes que se destacam no mercado: Resolume, Arkaos Grand VJ, Modul8, VDMX são os que ganham em destaque e preferência dos VJ's mas existem muitos outros, cada um com as suas valências.
 
Muitos privilegiam uma interface mais clean por facilitar a organização, inclusivamente em multiscreen.
 
Esta é outra perspectiva de trabalho e de interação de conteúdos - o multiscreen permite a interação de conteúdos numa altura em que o set criativo está em todo o lado e pode ser qualquer coisa - a manipulação de vídeo e imagens incorporadas em objectos e monumentos, para além do painel de leds ou outras telas.
 
Falamos de videomapping cujo primeiro passo é exactamente a mapeação do espaço/set criativo.
 
 
 
Esta definição dos limites do nosso set é feita através de diferentes softwares, entre os quais, os softwares de Vj. (ex. MadMapper)
 
Lançamos aqui o tema. Aproveitem para trocar experiências e perceber as mais valias dos diferentes softwares: pontos fortes e pontos fracos.
 
Partilhem e continuem a acompanhar-nos nesta descoberta.
Publicado em VJ Session

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