Diretor Ivo Moreira  \  Periodicidade Mensal
terça, 15 junho 2021 22:56

"Tudo Parece Perfeito"

Confesso que me foi extremamente difícil escrever esta crónica. O meu primeiro impulso foi escrever sobre a situação actual dos vários sectores ligados à música, aos eventos, às actuações ao vivo, mas tudo isso já foi comentado (e bem) pelos meus colegas cronistas.

O tema da minha crónica é outro. É sobre uma história de superação e motivação de um colega DJ que muito me (nos) tem ajudado a superar esta nova realidade que estamos a viver desde Março de 2020.

Desde que soube do estado de saúde do Magazino (para mim Costinha, a quem conheço há muitos anos) que temos estado mais em contacto do que aquilo que a nossa rotina anterior, com "gigs", permitia. 
E a verdade é que ele, apesar de todos os problemas de saúde que está a ter, é uma contínua motivação para mim e para muitos outros.

Mesmo passando por tudo aquilo que está a passar, ainda tem força para nos enviar mensagens de motivação no grupo de WhatsApp criado por ele para nos animar, para que nós, DJ’s e músicos que estamos sem trabalhar há 15 meses (!) não baixemos os braços, para que tenhamos paciência. Coisa que muitas vezes é difícil tal a incompetência e incoerência de quem nos governa...

Sua foi também a ideia de fazer o documentário "Tudo Parece Perfeito", com vários DJ’s e produtores Portugueses, de várias gerações, sobre aquelas histórias caricatas, dos bastidores, que aconteceram (e ainda acontecem) na nossa carreira, realizado e produzido pelo realizador Gonçalo Almeida.

No "teaser" que gravámos ouvi muitas histórias que prometem um grande documentário, com muitos episódios curiosos que vão mostrar que, no dia-a-dia de um DJ, muitas vezes o que parece uma vida de sonho, na realidade tem um outro lado que não é tão glamoroso e que é muito exigente.

Certamente que o Magazino tal como DJ Vibe, Rui Vargas, Moullinex, Gusta-vo, Yen SungDiana Oliveira e Violet têm imensas histórias para contar. São muitos anos de carreira, muitas horas de música, muitos "gigs", que certamente originaram muitas histórias que merecem ser conhecidas. Histórias essas que vão mostrar esse outro lado da nossa profissão e de certeza fazer-nos rir.

Eu já comecei a escrever e a compilar alguns dos meus episódios mais caricatos para a gravação final e posso garantir que tenho muitas histórias para contar, desde o início da minha carreira profissional, em 1986. Nestes 35 anos houve muitos e bons episódios que nunca vieram a público e que vou partilhar convosco neste documentário.

Para todas as informações sobre a evolução da produção de "Tudo Parece Perfeito" podes visitar esta página: https://www.indiegogo.com/projects/tudo-parece-perfeito-everything-seems-perfect.

Da minha parte resta-me agradecer ao Costinha a.k.a. Magazino, por toda a força que me (nos) tem transmitido com os seus "posts" nas redes sociais e com as suas mensagens pessoais de incentivo.
Muito obrigado!

É uma força da natureza e eu tenho a certeza que vai ultrapassar todas as batalhas que ainda tem pela frente, como tem ultrapassado as muitas que já teve até agora.

Ele é o verdadeiro campeão.
 
Carlos Manaça
DJ e Produtor
 
(Carlos Manaça escreve de acordo com a antiga ortografia)
Publicado em Carlos Manaça
A propósito dos seus 30 anos de carreira, o Município do Barreiro - de onde é natural - vai homenagear o DJ e produtor português Carlos Manaça. A cerimónia está integrada na programação do “Mês da Música” e vai decorrer esta quinta-feira, 27 de outubro, pelas 18h30, na Sala de Sessões dos Paços do Concelho.
 
Com um percurso e talento invejável dentro das cabines, Carlos Manaça é sem dúvida um dos pioneiros e principais embaixadores da dance scene portuguesa e uma presença constante nos principais eventos de música eletrónica em Portugal, desde a sua génese. Além de prémios e de várias faixas editadas, o fundador da editora “Magna Recordings” tem conquistado inúmeros fãs ao longo dos anos. Quem o segue, sabe para o que vai e aquilo que vai ouvir. Quer seja numa discoteca ou num grande evento outdoor, Manaça nunca desilude e educa com o melhor da eletrónica, os ouvidos que pretendem assistir à “aula” musical.
 
Se pretendes marcar presença nesta homenagem, deverás confirmar a mesma através do mail Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar., até terça-feira, dia 25 de outubro.
 
 
30 Years @ Pedra do Couto | After Movie

Foi muito bom festejar os meus 30 Anos de Carreira numa casa com 33 Anos de história, a Pedra do Couto em #SantoTirso. Aqui está o registo video dessa noite/manhã, espero que se tenham divertido tanto como nós ! #CarlosManaça30Years #CarlosManaça #PedraDoCouto #FeelTheDrums

Publicado por Carlos Manaca em Segunda-feira, 24 de Outubro de 2016
 
Publicado em Artistas
Depois dos lançamentos de "Underground" e "U-Turn", temas que contaram com positivo feedback de artistas como Chus+Ceballos, Oscar L e D-Formation, o DJ e produtor português Diphill apresenta-nos agora "Spiritual Dust", o seu novo EP.

Lançado pela emblemática Magna Recordings, editora de Carlos Manaça, este novo EP conta com um tema original da autoria do próprio Diphill, considerado pela editora como "um grande tema de techno, com sintetizadores progressivos e um toque melódico" e remixes, que vão desde o techno ao deephouse.

O desafio foi lançado por Diphill a quatro artistas: Nuno Lisboa, com um remix rápido e pesado; Olivs com o seu estilo inconfundível groovy tribal; Luís Bravo & Amarno com uma versão dub mix desconstruindo a faixa original; e Ricardo Baptista com uma versão repleta de ambiente dentro do estilo deephouse.

Disponível em todas as plataformas digitais, este EP é fruto de um trabalho conjunto de vários DJs e produtores nacionais, que provam a transversalidade do underground, contando já com o apoio e feedback de artistas, entre eles Marco Carola, Drunken Kong, Frank Pellegrino, Pablo Ceballos e Marco Faraone.
 
Publicado em Música
Foram divulgados recentemente os primeiros cancelamentos de eventos musicais devido ao surto de Covid-19, o novo coronavírus proveniente da China. Já foi cancelado o Ultra Music Festival que ia acontecer em Miami nos dias 20, 21 e 22 de Março. O Coachella, um dos maiores Festivais nos USA previsto para os fins de semana de 10 e 17 de Abril também já foi adiado para os fins de semana de 9 e 16 de Outubro. Um dos principais "Clubs" Espanhóis, o Fabrik, perto de Madrid, suspendeu ontem os seus eventos devido à recomendação do Ministério da Saúde Espanhol e da comunidade de Madrid e irá em breve divulgar as novas datas. Madrid é a comunidade autónoma com mais casos confirmados do novo coronavírus, com cerca de 1024 casos confirmados. Vários concertos de artistas conceituados foram cancelados ou adiados, tudo devido a este novo vírus que se tem espalhado um pouco por todo o planeta.

Portugal, de momento ainda tem, felizmente, poucos casos confirmados (59, no momento em que escrevo esta crónica) comparativamente com os países que nos são mais próximos. Espanha neste momento já tem 2124 casos confirmados e 49 mortos e França que tem 1700 casos confirmados e 33 mortos. O que leio sobre a maior parte dos falecidos relativamente ao Covid-19 é que são pessoas de avançada idade, com problemas respiratórios crónicos prévios à infecção pelo vírus o que os torna muito frágeis relativamente a novas infecções, especialmente aquelas que atacam as vias respiratórias. Parece que este novo vírus não é muito eficaz em pessoas mais jovens, sãs, e que os seus sintomas nestes casos passam por ser os mesmos de uma vulgar gripe, muito comum nesta altura do ano. 

Justifica-se então o "pânico" que se está a gerar neste momento em Portugal, relativamente à difusão deste novo coronavírus, quando ainda existem tão poucos casos confirmados, comparativamente a outros países?

Na minha opinião há que redobrar os cuidados a ter quando vamos a locais onde se juntam muitas pessoas e sejam potencialmente focos de contágio, tal como os aeroportos. Como vivo em Espanha, passo por vários todos os fins de semana e nas últimas vezes tenho tido alguns cuidados "extra", como lavar as mãos muito bem e varias vezes, especialmente depois de tocar sítios onde muita gente toca, tentar espirrar só em locais onde não estão pessoas próximas e caso isso não seja possível espirrar para o cotovelo, de maneira a conter as partículas que possam conter o Covid-19. Neste momento estou com (mais uma) uma infecção na garganta que me provoca sintomas compatíveis com uma gripe e no fim de semana passado já tive várias pessoas que me olharam de lado no aeroporto e durante o voo por estar com esses sintomas... 

É um facto que este novo coronavírus é bastante mais contagioso do que uma gripe normal, mas os sintomas em geral são leves. São preocupantes os casos de pessoas sem sintomas aparentes que deram positivo no teste do Covid-19 e que o podem ter transmitido sem sequer saber que estavam infectadas. No entanto, todas as notícias que li e ouvi até hoje referem que o grupo de risco e principal afectado por este novo coronavírus é o grupo de pessoas de media idade/idade avançada, com doenças prévias e que as pessoas jovens só têm praticamente os mesmos sintomas de uma gripe sazonal. Está provado que a mortalidade do Covid-19 é superior à de uma gripe normal, mas tal como já referi, a taxa de mortalidade entre os jovens contagiados é muito reduzida.

Acho que é a primeira vez que uma epidemia é acompanhada "ao minuto" à escala global, o que tem provocado alguma desinformação. As redes sociais também estão a ajudar a espalhar algumas informações incorrectas sobre o Covid-19 e estão a provocar aqui em Espanha a corrida aos supermercados, com medo a que se chegue a uma situação de “fecho total” do país, como está a acontecer neste momento com Itália, apesar dos directores das principais marcas já terem vindo a público dizer que não vai haver falta de produtos nas prateleiras.

Apesar de haver poucos casos em Portugal, o Covid-19 já chegou à música electrónica. Na passada sexta 6 de Março houve um evento no Hard Club no Porto onde actuou um DJ que posteriormente deu positivo ao novo coronavírus e está neste momento internado em isolamento no Hospital Pedro Hispano em Matosinhos. Ele próprio veio tranquilizar as pessoas através de um vídeo em que diz que está tudo bem, que está fisicamente bem e que simplesmente tem sintomas de uma gripe "normal" mas tem que estar isolado para não contagiar outras pessoas. Já havia algumas pessoas alarmadas com a notícia desse positivo, mas o certo é que o Covid-19 só se contagia através de contacto físico directo, ou através de partículas em suspensão vindas da pessoa infectada que normalmente se projectam no espaço de um, dois metros no máximo. Às pessoas que estiveram em contacto directo com esse DJ que atuou na pista 2 do Hard Club, a Direcção Geral de Saude aconselha a ligar para os números 220 411 170 ou 220 411 171.

Espero sinceramente que a situação não se agrave em Portugal e que esta epidemia não atinja os números que já atingiu nos países vizinhos. Há que extremar os cuidados, lavar as mãos frequentemente, se possível desinfectá-las várias vezes ao longo do dia. Segundo os médicos, este tipo de coronavírus é bastante sensível ao calor e quando as temperaturas subirem (o que deve acontecer em breve, com a entrada da Primavera) as partículas contaminantes têm uma vida útil bastante mais curta o que vai reduzir muito o número dos contágios.

Eu acabei de ter o primeiro evento adiado devido ao surto de coronavírus. Vamos esperar que esta "pausa" em que o país vai estar nos próximos dias seja a maneira mais eficaz de conter o vírus e que depois destes adiamentos a “dance scene” e a vida em geral em Portugal volte ao seu ritmo normal. É importante termos muito presente que isso também depende de todos nós. Ao tomar as medidas recomendadas pelos serviços de Saúde, sem entrar em "pânico", estamos a contribuir para que este Covid-19 seja controlado o mais rápido possível!
 

Carlos Manaça

DJ e Produtor

www.facebook.com/djcarlosmanaca

 

(Carlos Manaça escreve de acordo com a antiga ortografia)

Publicado em Carlos Manaça
segunda, 06 julho 2020 23:28

Ajuntamentos ou locais controlados?

No início de Março, quando foi publicada a minha ultima crónica para a 100% DJ, tive que escrever duas crónicas porque a primeira que enviei ficou desactualizada em dois dias. Hoje, ao ler a última que escrevi, vejo que a realidade ultrapassou tudo o que eu tinha imaginado (e escrito) nessa altura, quando acabava de ter o meu primeiro evento adiado/cancelado. O que o sector ligado à música está a viver desde essa altura, jamais me passou pela cabeça. Desde essa altura que estamos com todas as nossas actuações canceladas e sem sequer haver um plano/data de uma possível volta ao trabalho de todo um sector.

O facto de não haver sequer um plano para todo um sector que até parou, por uma responsável decisão própria, antes de ser obrigado a isso pelo governo, na minha opinião é uma situação difícil de entender. Ouvir o tom depreciativo com que o primeiro-ministro falou de todo um colectivo foi um choque para mim e certamente para todos os empresários ligados a este sector, nas suas varias vertentes. 

Ouvir o tom depreciativo com que o primeiro-ministro falou de todo um colectivo foi um choque para mim e certamente para todos os empresários ligados a este sector, nas suas varias vertentes.

 
É verdade que este vírus colocou à prova os governos de praticamente todos os países, muitas decisões foram tomadas segundo o que ia acontecendo porque não se conheciam (e ainda não se conhecem bem) todas as características deste novo coronavírus. Numa primeira fase e segundo alguns especialistas, Portugal foi um exemplo internacional porque foi dos primeiros a limitar fortemente a mobilidade das pessoas e com isso limitar muito as possibilidades de contágio. É verdade que, comparativamente com os países vizinhos, Portugal tem um número de falecidos muito menor devido a esse sucesso na primeira fase desta pandemia e que os cuidados intensivos dos hospitais Portugueses (felizmente) nunca estiveram em rotura tal como aconteceu aqui em Espanha, situação que provocou muitos mortos pela incapacidade de serem atendidos nas urgências.

Infelizmente estamos a assistir nos últimos tempos a um aumento dos contágios confirmados em Portugal, situação que seria expectável uma vez que há uma maior mobilidade das pessoas, há mais gente a trabalhar e a deslocar-se em transportes públicos, a ir a centros comerciais, a supermercados. Basicamente há muito mais gente nas ruas que antes. Mas infelizmente também estamos a assistir à irresponsabilidade de algumas pessoas que se juntam sem terem qualquer cuidado, seja usando máscara, seja mantendo a distância de segurança aconselhada. Uma grande parte dessas pessoas são jovens que depois de estarem fechados em casa durante mais de dois meses se juntam com os amigos em grandes grupos sem cumprirem as normas mínimas de segurança, porque na realidade, não têm qualquer opção para o fazer de uma forma mais controlada.

A pergunta que coloco neste artigo é, na minha opinião, lógica: não seria melhor darem a esses jovens alternativas onde se pudessem juntar, de forma minimamente controlada, e assim reduzir esses ajuntamentos onde quase ninguém cumpre as normas de segurança?

Li em muitos comentários nas redes sociais que é "totalmente impossível manter a distância social numa discoteca, num bar, assim como ter os cuidados necessários à não propagação do vírus". Aliás, ouvimos o próprio primeiro-ministro dizer isso em directo, na TV.

Na minha opinião, depende muito das características dos espaços em questão. Obviamente há muitos locais em que é praticamente impossível criar condições mínimas de segurança por serem totalmente fechados, pouco amplos, com acessos interiores difíceis e com pouco espaço para as pessoas estarem mais afastadas e que não têm condições para abrir neste momento. Entendo isso e acho que qualquer empresário responsável que tenha um espaço com estas características, sabe que abrir nestas condições iria quase de certeza criar problemas.

Mas há muitos outros que têm características que lhes permitiria abrir com as mesmas condições já existentes para outro tipo de actividades. No Algarve, por exemplo, há muitos locais ao ar livre que podiam, com restrições de capacidade e com o uso de máscaras e gel desinfectante, abrir as portas. No resto do país também há alguns locais desse tipo, que poderiam abrir com as mesmas condicionantes de segurança.

Obviamente numa primeira fase não se poderia funcionar em horário completo, mas pelo menos esses espaços que têm uma grande parte ou são totalmente ao ar livre deveriam poder abrir. Ou pelo menos, tentar abrir. 

O que acontece é que, por terem o código de actividade de "discotecas" ou "bares", mesmo tendo estas características, não lhes é permitido abrir, numa decisão, na minha opinião, difícil de entender, especialmente quando vemos outro tipo de eventos com grandes ajuntamentos de pessoas, a serem "autorizados" ou pelo menos permitidos pelas autoridades, alguns deles por motivos políticos.
 

Não seria melhor darem a esses jovens alternativas onde se pudessem juntar, de forma minimamente controlada, e assim reduzir esses ajuntamentos onde quase ninguém cumpre as normas de segurança?

 
Pelo que sabemos até agora e do pouco que parece já assumido pela comunidade científica sobre este novo coronavírus, um dos seus principais focos de transmissão (senão o principal) são as aglomerações de muitas pessoas. Sejam elas por que motivo forem. Partidárias, futebol, religião, "botellon", praia, música, todas podem ser um foco de transmissão, todas podem contagiar se não forem tomadas precauções. 
Os ajuntamentos para ouvir música numa esplanada, num bar ao ar livre, numa discoteca ao ar livre, não são mais contagiosos do que os ajuntamentos autorizados numa manifestação política, como nos querem fazer crer.

Acho que seria importante nesta altura estabelecer de uma vez por todas regras claras e realizáveis para, lentamente, com capacidade limitada e com muitos cuidados, se começarem a abrir alguns dos locais com características especificas, regras que já existem para outras actividades. Certamente iria dar aos jovens uma alternativa mais controlada do que os ajuntamentos para os "botellons" que têm feito um pouco por todo o país.

Os empresários destes locais deram uma lição de responsabilidade a muita gente no inicio de todo esta pandemia quando decidiram fechar, mesmo antes de serem obrigados a isso. Pensaram na saúde de todos à custa da sua própria fonte de rendimento. Acho que mereciam um outro tratamento pelas autoridades responsáveis...
 
Carlos Manaça
DJ e Produtor
 
(Carlos Manaça escreve de acordo com a antiga ortografia)
Publicado em Carlos Manaça
sábado, 17 outubro 2015 22:33

“To sync or not to sync”

Este é um tema sobre o qual recebo algumas perguntas nas minhas redes sociais e que até agora não tenho comentado ‘publicamente’ nas minhas crónicas. Tem havido algum debate sobre este assunto (que felizmente abrandou nos últimos tempos), mas de vez em quando volta a ocupar muito espaço nas redes sociais e fóruns. E há posições totalmente ‘extremistas’ quer de um lado, quer do outro!
 
De um lado, surgem aqueles que defendem exclusivamente a utilização dos pratos pelos DJs, o vinil como suporte musical, renegando outros suportes ou sistemas digitais como meio de ‘distinguir’ os ‘verdadeiros DJs’, desqualificando aqueles que não o fazem.
 
Do outro lado, temos os que dizem que o “vinil está totalmente desactualizado” e “fora de moda” e que os que usam os sistemas como Traktor, Serato (ou outros) é que estão ‘à frente’, muitas vezes catalogando de “antiquados” os DJs que ainda usam exclusivamente (ou quase) o vinil como formato. 
 
É verdade que o avanço da tecnologia, a divulgação e popularidade de sistemas como o Traktor e o Serato, veio permitir a muitas pessoas de outras áreas e que não tinham qualquer passado como DJs, actuarem em clubs ou eventos, uma vez que a sincronia entre as músicas é relativamente fácil com estes sistemas digitais. Até ao aparecimento destes sistemas, o ‘beat matching’, o acertar de batidas entre dois (ou mais) temas, era quase uma ‘arte oculta’ para as pessoas ‘normais’, ou pelo menos era uma tarefa que demorava algum tempo para ser aprendida, o que levava a que só alguns se aventurassem a tentar fazê-lo. 
 

Com a mediatização que o papel do DJ teve nos últimos anos, era normal que houvesse este aumento repentino no número de DJs.

 
Com a mediatização que o papel do DJ teve nos últimos anos, era normal que houvesse este aumento repentino no número de DJs. Se a tecnologia permite uma maior facilidade no djing, era só uma questão de tempo até muitas pessoas, que até aí nunca tinham entrado numa cabine, tentassem a sua sorte.
 
Esta repentina ‘invasão’ de DJs no mercado veio despertar o ‘fundamentalismo’ de alguns, defendendo que só através do vinil (ou CD’s - embora os últimos leitores de CD da Pioneer também já tenham o botão SYNC) se pode apreciar o ‘verdadeiro DJ’, uma vez que com um computador portátil “qualquer um pode ser DJ”. Houve até alguns clubs em que chegaram a proibir os ‘sets’ com Traktor ou Serato e cancelaram alguns artistas que os usavam.
 
Acontece que o ‘beat matching’ é só um dos factores que um (bom) DJ tem que dominar num set... A verdade, é que em todos estes anos já ouvi grandes sets em vinil, em CD (sem SYNC) com Traktor (ou Serato) com SYNC e também já ouvi alguns não tão bons em todos estes formatos... Por isso digo e repito, ser DJ não é só saber acertar batidas, sincronizar dois ou mais temas simultaneamente. 
 
Há muitos outros factores que contribuem para um grande (ou mau) set. Saber usar a mesa de mistura, os volumes, conhecer os temas que se vão tocar, perder horas a procurar/selecionar a música que se vai usar, ‘organizá-la’ para um set (não gosto da expressão ‘programar um set’, porque acho que isso não se programa) saber criar momentos, manter o público a dançar durante duas, três ou mais horas, não é tarefa fácil... E isso não vem incluído nos programas que permitem o SYNC dos temas.
 
É verdade que nos últimos anos se assistiu a uma aproximação de alguns top DJs às ‘playlists’ usadas pelas rádios. Não tenho nada contra isso, até porque esses artistas movem milhares de pessoas e enchem clubs, eventos e festivais. Mas esse factor - o facto de um DJ set de muitos top DJs ser composto de muitos temas que tocam nas rádios generalistas, aliado à facilidade que a tecnologia veio trazer, fez com que muita gente que até agora nunca tinha pensado em passar música entrasse no ‘circuito’ de DJs em Portugal (e não só). E isso veio criar alguns preconceitos contra o uso de laptops no DJing…
 

Sinceramente não tenho saudades da altura do vinil, até porque foram muitos quilómetros e horas a carregar malas de 120 discos.

 
Na minha opinião, o que conta realmente é a MÚSICA. Se esta é transmitida através de vinil, de CD’s, de um programa, de que forma for, é o resultado final do set que me importa. Se o DJ consegue fazer-me dançar durante uma, duas, três horas, se gosto da música dele, não me interessa qual o formato em que ela me chega... Tive o prazer de estar horas ao lado de DJs que só usaram dois pratos Technics e fizeram sets INCRÍVEIS, mas também assisti a alguns sets de DJs que montaram dois computadores portáteis, uma Maschine (uma caixa de ritmos da Native Instruments) dois controladores X1 da Native Instruments, uma caixa de ritmos, entre outras coisas e o resultado final não foi tão bom como outros DJs que usaram só os dois pratos...
 
Não tenho qualquer problema em usar o SYNC nas minhas actuações com o programa Traktor. Se a tecnologia está aí, não vejo o porquê de não a usar. Sinceramente não tenho saudades da altura do vinil, até porque foram muitos quilómetros e horas a carregar malas de 120 discos. Mesmo que agora decidisse voltar a usar só o vinil, a maior parte das cabines dos clubs ou eventos já não estão preparadas para esse formato e iria ter problemas em conseguir temas de alguns artistas que neste momento só existem em formato digital.
 
É óbvio que quando chegas a um club ou evento e vês uma parafernália de equipamento montado para o DJ actuar, visualmente isso cria alguma expectativa. Mas no final, o que interessa é a capacidade desse DJ te levar numa ‘viagem’, fazer-te dançar, fazer-te ‘explodir’ num momento, fazer-te abrandar noutro momento e conseguir que vibres com a sua música. E isso pode acontecer tanto com um artista que usa dois (ou mais) pratos e discos em vinil (ou CD) sem SYNC, como com um DJ que usa um programa como o Traktor, (ou outro) com SYNC. Na minha opinião, o que interessa é o resultado final e não o método para o alcançar...
 
Carlos Manaça
 
(Carlos Manaça escreve de acordo com a antiga ortografia)
Publicado em Carlos Manaça
A minha crónica este mês é sobre aquilo que eu acho que pode vir a dar uma grande ajuda à sobrevivência das pequenas (e grandes) editoras como a Magna Recordings: o serviço de streaming. Com as vendas de música para download a descer de ano para ano (pelo menos é o que nos dizem as principais lojas online...) e o hábito cada vez mais generalizado das gerações mais novas de "sacarem" tudo grátis da internet, os serviços de streaming podem vir a ser a nossa "tábua de salvação" nos próximos anos. É um facto que é muito mais cómodo ouvir as músicas que queremos quando queremos, online, do que ter um monte de temas no telemóvel/iPad/computador, a ocupar espaço no disco (espaço que muitas vezes é limitado) e que, com o passar dos anos, se torna num problema, se não andarmos sempre a apagar o que já não ouvimos. E com o tamanho dos pacotes de dados oferecidos pelas principais empresas de telecomunicação hoje em dia, fazer streaming já não esgota os megas disponíveis, como acontecia há uns (poucos) anos atrás.

No entanto, o streaming já levantou problemas sérios entre os artistas/editoras e algumas das plataformas mais importantes, como é o caso do Spotify. Não podemos esquecer que estas empresas têm como objetivo principal o maior lucro possível, e ao terem um produto cujo número de plays está (quase) totalmente nas suas mãos, torna-se muito difícil para o artista/editora ter algum controlo sobre esses números. Na realidade, estas empresas pagam o que lhes apetece pagar. É certo que pelo contrato podes pedir uma auditoria aos números de plays, mas dificilmente os pequenos artistas/editoras têm recursos para o fazer e mesmo as grandes editoras tiveram problemas com isso. 

É conhecida a polémica do caso da cantora Taylor Swift que em 2014 retirou o álbum "1989" e todo o seu catálogo anterior do Spotify quando recebeu os primeiros relatórios de plays porque eram, segundo ela, "ridículos". Entre 2014 e 2017 todo o seu catálogo esteve fora do principal serviço de streaming (que neste momento já conta com mais de 100 milhões de usuários) o que desagradou à sua grande legião de fãs. Mas a explicação de Taylor Swift sobre os motivos dessa sua atitude fez, para mim, todo o sentido.

Segundo ela e o presidente da sua editora, era uma tremenda falta de respeito para as pessoas que tinham comprado o álbum completo em download por 12,99 dólares que os usuários do Spotify pudessem ouvir os mesmos temas, grátis, embora com anúncios entre os temas. Ou a pagar 9,99 dólares por mês no serviço premium, sem anúncios, para ouvir uma quantidade ilimitada de música, onde estariam incluídos os temas do novo álbum. E quando chegaram os primeiros relatórios de plays no Spotify do álbum "1989" que tinha acabado de vender nessa semana 1.3 milhões de cópias para download, foi a gota de água que a fez retirar todo o seu catálogo da principal plataforma de streaming. 

Segundo ela, só quando o Spotify pagasse "justamente, aos autores, editores, produtores, músicos, e a toda a gente envolvida no processo de criação musical de um álbum/single, é que voltaria a disponibilizar o seu catálogo no Spotify". Parece que isso foi conseguido em 2017 porque após uma renegociação do seu contrato, todo o seu catálogo voltou a estar disponível no Spotify, para grande alegria dos seus muitíssimos fãs no mundo inteiro.
 
Para facturarmos 1.300 euros relativos ao streaming de um tema, na Pandora teríamos que ter à volta de 87.500 plays e no Youtube 1.890.000 (!!). No Spotify são necessários aproximadamente 356.850 plays de um tema para podermos facturar os mesmos 1.300 euros, valor que obviamente estará sujeito aos respectivos impostos antes de chegar às nossas mãos.

Em 2015, e também depois de receber relatórios de plays de Spotify, que segundo eles eram "uma vergonha", Jay Z decidiu criar com Usher, Rihanna, Nicki Minaj, Madonna, Deadmau5, Kanye West, entre outros, o TIDAL, o "primeiro serviço de streaming totalmente controlado pelos artistas". Conseguiu ter, numa primeira fase, alguns lançamentos exclusivos, por alguns dias, mas as editoras proprietárias dos álbuns conseguiram, ao fim de algum tempo, disponibiliza-los nas restantes plataformas, o que levou a que a grande vantagem do TIDAL (a exclusividade) se perdesse em alguns dias. Obviamente que isso fez com que a nova plataforma "dos artistas e para os artistas" tivesse grandes problemas de afirmação num mercado já dominado pelo Spotify. O TIDAL apresentou por isso prejuízos crescentes desde 2015, tendo em 2017 vendido 33% à empresa de telecomunicações americana Sprint que injectou de imediato 200 milhões de dólares para viabilizar a empresa que já estava a ser acusada de falta de pagamento de royalties aos artistas e editoras...
É um facto que os pagamentos feitos aos artistas/editoras pelas plataformas de streaming, segundo os últimos dados, é ainda muito reduzido por cada play. Varia entre os 1,5 cêntimos pagos pela plataforma Pandora até aos 0,0066 cêntimos (!!) pagos pelo Youtube. O Spotify paga à volta de 0,0399 cêntimos por play e está mais ou menos a meio da tabela dos pagadores de royalties.

Para termos uma ideia mais concreta do que significam estes valores, para facturarmos 1.300 euros relativos ao streaming de um tema, na Pandora teríamos que ter à volta de 87.500 plays e no Youtube 1.890.000 (!!). No Spotify são necessários aproximadamente 356.850 plays de um tema para podermos facturar os mesmos 1.300 euros, valor que obviamente estará sujeito aos respectivos impostos antes de chegar às nossas mãos.

Eu sei que há muita gente que defende que neste momento é obrigatório estar em todas as lojas de venda online por download e em todos os serviços de streaming para que o nosso trabalho seja visível a toda a gente, e em parte isso é verdade. Mas também é verdade que, com o streaming, mais uma vez, o artista/editora está no "final da linha" no que se refere a receber algum dinheiro que é gerado pelo seu trabalho, pelos seus temas produzidos/editados. São inúmeras horas em estúdio, às vezes investimentos em outros artistas, vocalistas, músicos, etc., que, mais uma vez, na minha opinião, não estão a ser devidamente compensados. 

Esta crónica serve também para anunciar que, finalmente, todo o catálogo da Magna Recordings vai estar disponível brevemente nas principais plataformas de streaming. Finalmente temos um acordo razoável com uma distribuidora que nos vai permitir estar também nas restantes lojas online de download (Traxsource, iTunes, etc) assim como nas principais plataformas de streaming como Spotify, Deezer, Apple Music, entre outras. 

Vamos esperar que isso ajude na divulgação de toda a música que já editámos nos 19 anos que festejamos neste mês de Maio e que ao mesmo tempo também seja uma fonte de rendimentos (por pouco que seja...) para a editora e para os artistas. Algo que ajude a recompensar o esforço que temos ao criar e editar música para que vocês possam disfrutar e dançar, seja em casa, no club ou no evento!
 
Carlos Manaça
DJ e Produtor
 
(Carlos Manaça escreve de acordo com a antiga ortografia)
Publicado em Carlos Manaça
Apesar de ser difícil evitar comentar o facto de, mais uma vez, todo o sector da diversão nocturna e produção de eventos estar a pagar o preço da subida dos contágios de Covid-19, quase dois anos (!) depois deste pesadelo ter começado (apesar de serem as escolas o grande motivo desta subida), e depois de só nos terem deixado trabalhar "sem restrições" desde 1 de Outubro até 1 de Dezembro (60 dias!) a minha crónica este mês é sobre um tema bem diferente.
 
Há umas semanas chegaram-me vários vídeos de uma atuação "D.J." de alguém que, não o sendo profissionalmente, estava a exercer essa actividade, num local público, onde as pessoas pagam para entrar e onde a música é um dos produtos que esse local "vende”. As pessoas pagam para entrar, para dançar, para beber um copo, socializar. Como acontece em todos os locais do género. 
 
Num dos vídeos que recebi, a qualidade da atuação, a parte técnica, não era propriamente a melhor, e resolvi publicar esse vídeo numa rede social. O certo é que o vídeo atingiu uma repercussão que eu não estava à espera e o "performer", indignadíssimo, conhecido pela sua linguagem "solta" no Twitter, partiu para o insulto grátis e "mandou" os seus seguidores fazer o mesmo, numa onda de "social media bullying" que eu só vi bastante mais tarde, porque aos primeiros "comentários" menos próprios usei aquela opção bastante útil que se chama "silenciar".
 
Tem alguma piada que estas pessoas que vão actuar como D.J.'s num local aberto ao público, onde eles próprios digam que "eu não sou D.J., estou a fazer isto por paixão/amor à música" para justificar a sua menor capacidade para, tecnicamente, fazerem um bom trabalho, fiquem indignadíssimos quando alguém grava um vídeo dessa falha, desse momento em que a coisa não está a correr bem. Hoje em dia toda a gente tem um telemóvel com uma boa câmara de vídeo e se o nosso trabalho corre mal, temos que ter encaixe para aceitar a crítica dessa falha, venha ela de profissionais, venha do público.
 
É verdade que há alguns anos atrás, quando a carreira de D.J. começou a ter um grande destaque a nível dos media e com o aparecimento dos softwares que permitem o "beat mixing" muito mais facilmente do que até então, muita gente que nunca tinha estado à frente de uma mesa de mistura cedeu à tentação de começar a fazer atuações D.J. em espaços abertos ao público. Actores, ex-futebolistas, manequins, bailarinos, entre outros, decidiram assumir actuações como D.J. em discotecas, bares e eventos. Alguns com mais sucesso do que outros, mas o certo é que houve uma "fornada" de figuras "públicas" que decidiu enveredar por esse caminho. 
 
Obviamente não tenho nada contra isso, se os donos dos espaços/eventos os contratam, é porque acham que vão fazer dinheiro com as suas actuações, ninguém faz contratações para perder dinheiro, acho eu.
 
A pergunta pertinente na minha opinião é: vamos "ouvir" o D.J. ou vamos "ver" o D.J.? 
É um facto que nos últimos anos houve uma tendência para o aparecimento de D.J.'s/"live acts" com grande interação com o público, com saltos, microfone, toda uma parafernália de efeitos luminosos, de fumo, sonoros, que criam um conceito de espetáculo total em que o D.J. e a música são só uma parte desse espetáculo. Ou seja, nestes eventos vamos “ver” e “ouvir” os D.J.'s num conceito de espectáculo global.
 
Embora não sendo a minha área, obviamente que não tenho nada contra esse tipo de espectáculos/actuações D.J., há muita gente que gosta e de facto é um quase sempre um evento com muito mais impacto a nível visual do que um evento "normal" onde a música é o principal motivo de este acontecer, a principal atracção.
 
O tema desta crónica leva-me a essa pergunta: devemos "alimentar" essa curiosidade sobre uma figura "pública" que vai para dentro de uma cabine, para fazer um trabalho que tem muitas falhas técnicas só porque é "aquele senhor da TV"? É isso o mais importante? 
 
Ou é a música, a maneira como ela é usada, o que verdadeiramente importa?
 
Carlos Manaça
DJ e Produtor
 
(Carlos Manaça escreve de acordo com a antiga ortografia)
Publicado em Carlos Manaça
A editora fundada por Carlos Manaça, Magna Recordings, lançou recentemente uma nova edição do EP "Pushing Beats", com faixas de artistas já conhecidos do público mas também de novos talentos da música eletrónica.
 
Neste novo EP estreiam-se na Magna Recordings artistas como Di Phill, Olivs e Hardmix, com as músicas "Underground", "Tribal World" e "Bron", respetivamente. JC Delacruz, que já lançou temas pela Magna, está também presente neste EP com "Sustenon".
 
A terceira edição do "Pushing Beats" já está disponível no Beatport.
 
Publicado em Música
Foi em maio de 2000 que a Magna Recordings editava os seus primeiros dois maxi-singles. "Feel The Drums" de Carlos Manaça e "The First Tribal Feeling" de Pete Tha Zouk & Bruno Marciano foram as edições inaugurais que rapidamente se tornaram um sucesso de vendas em todo o mundo. 

20 anos depois a editora lança novas versões de alguns dos seus mais importantes temas para festejar as duas décadas de existência. Com a edição número 105 a editora portuguesa apresenta duas novas versões de "The First Tribal Feeling". Uma do DJ e produtor americano Saeed Younan, outra de um dos autores da versão original, Pete Tha Zouk.

Saeed Younan fez parte da dupla Saeed & Palash e os temas editados pela sua Addictive Records foram tocados pelos mais importantes artistas internacionais. É também presença assídua nos principais eventos de música eletrónica, tanto nos Estados Unidos como na Europa.

As novas versões de "The First Tribal Feeling" estão disponíveis nas principais lojas de música e nas plataformas de streaming como o Spotify e o Deezer.

Para este mês está prevista a edição das novas versões de "Feel The Drums" de Carlos Manaça a cargo do DJ e produtor Espanhol David Herrero.
 
Publicado em Música
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